Entre tapas e beijos: entenda como funciona essa dinâmica

por Arlete Gavranic

Relato aqui uma interessante pergunta que chegou à redação de Vya Estelar, que responderei neste artigo.

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Quando discuto ou brigo com meu marido, fico com tesão e morro de vontade de transar. Ele não, nem posso tocá-lo. Isso é normal? Ele pode discutir comigo a qualquer hora e, mesmo gritando e ficando p. da vida, se ele quiser, eu transo. Vejo algumas amigas que brigam e ficam semanas sem sexo. Será que é ansiedade?

Essa dinâmica de brigar e se excitar não é tão incomum assim. Realmente é uma demonstração de ansiedade. E toda ansiedade reflete a sensação de perigo, de que algo saia do controle, é o medo de perder.

Muitas mulheres relatam sentir esse desejo sexual intensificado após uma briga. Embora cada caso seja um caso, podemos pensar em alguns padrões de comportamento.

Muitas mulheres são movidas por uma educação internalizada de que elas são responsáveis por manter a ‘saúde’ da relação. Elas são as responsáveis para que esse parceiro se acalme e essa relação não seja rompida.

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Emocionalmente, sempre que uma briga acontece, essa mulher que se sente insegura frente à possibilidade de um abandono, muitas vezes sem estar consciente desse processo, fica excitada (ansiosa) e procura resolver essa questão com a aproximação sexual, na tentativa de dar a ele prazer e amenizar qualquer possibilidade de perda.

Esse padrão de comportamento, recebido na educação, alimenta a baixa autoestima da mulher e o seu medo de perder: “Se ele não for cuidado, poderá te abandonar”. Ela aprende a seduzir e a sentir essa excitação, na maioria dos casos, motivada pela ansiedade da perda.

Outra motivação dessa atitude seriam os traços de personalidade. Essa mulher se excita ao sentir-se humilhada ou agredida. Muitas vezes pode ser um traço de masoquismo, que demonstra uma dinâmica de quem aprendeu a tirar prazer de situações de sofrimento ou humilhação. Isso também está baseado em uma distorção de como se posicionar nas situações; envolve geralmente uma autoestima comprometida.

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Mas pode ser também uma característica sádica?

Se a situação de briga for provocada por ela, que irrita o parceiro e o deixa nervoso; pode ser que haja uma característica de sadismo, onde provocar o outro traga excitação e prazer.

Mas seja qual for a situação, é importante lembrar que se há uma repetição muito freqüente dessas situações, ou ainda, se você percebe que esse é seu melhor prazer, cuidado, pois pode ser um sinal de dependência emocional de detreminados padrões de comportamento. O ideal é que as pessoas aprendam a tirar prazer das relações de diversas formas e sem ter que alimentar posturas e emoções submissas ou provocativas.