Seja você um ativista da felicidade

por Lilian Graziano

Depois de meu último artigo (veja aqui), em que comento que é nos pequenos gestos e atitudes que se exercitam as emoções positivas – o caminho mais curto para o bem-estar e a felicidade -, lanço meu olhar (obviamente construtivo, como tudo que se refere à Psicologia Positiva) sobre o resultado de enquete gerada aqui no Vya Estelar, que mediu o quanto seus respondentes são capazes de praticar comportamentos positivos.

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Em torno de 33% do total de quase 1000 pessoas participantes da enquete responderam à pergunta: "Você é uma pessoa positiva?" dizendo que "Sim, meus pensamentos, palavras e atitudes refletem isso". Em linhas gerais, considero o resultado satisfatório, tendo em vista que meu trabalho, como psicóloga positiva, coach e consultora é promover bem-estar e felicidade, individualmente ou em organizações, facilitando o florescimento humano. Parece que um terço do caminho já está percorrido. E a postura desses respondentes vai exatamente ao encontro disso.

A atenção de hoje, no entanto, vai para a primeira resposta mais votada (46% dos resultados), em que o respondente afirma, quando questionado se é alguém positivo, que: "Não consegue ser positivo de modo constante, mas se esforça para melhorar".

Ora, há quem seja automotivado e resiliente o bastante para separar o joio do trigo (o que importa e o que não – respectivamente, aprendizado e ressentimento ou frustração) para avaliar as experiências e desafios cotidianos. Mas não nos cabe aqui, esmiuçar as razões para que exista tal motivação e tamanha resiliência. O objetivo deste texto é outro.

O que me importa, neste momento, é analisar a maioria, que se esforça para ser feliz, independente da estabilidade de seu bem-estar ou da constância de seus comportamentos e atitudes positivos. O que gostaria de pontuar é que esses indivíduos podem ter uma consciência importante acerca daquilo que norteia sua busca por felicidade e bem-estar, que faz deles potenciais ativistas das emoções positivas. O que não necessariamente estaria presente no percentual dos naturalmente resilientes.

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Toco no conceito de ativismo por considerar que "viver para ser feliz", embora se considere que sempre vivemos para tanto, é uma verdadeira quebra de paradigma. Remete a uma individualidade e a um nível de reflexão que são, na verdade, bastante combatidos pela sociedade, em suas práticas imediatistas e consumistas. E a partir da clareza sobre o que norteia nossa busca por bem-estar e felicidade, é que podemos influenciar outras pessoas e gerar uma verdadeira corrente do bem, modificando profundamente a forma como vivemos hoje em dia.

Daí que os esforçados em sua busca por felicidade podem ser agentes, em suas incessantes tentativas de bem-estar, de uma valorização dessas tentativas, e não de sua finalidade em si. Desse ponto para, em um balanço de vida, chegar à conclusão de que felicidade não é o resultado final de um objetivo a ser atingido, mas pode ser percebida a partir de contínuas inserções de emoções e comportamentos positivos em nossa vida, é um passo curto. E é aí que reside a verdadeira transformação. E essa transformação, assim como a valorização das tentativas, também pode ser disseminada, levando à mencionada quebra de paradigma.

É parte dessa mesma sociedade imediatista e consumista tangibilizar tudo. Enquanto buscarmos o bem-estar como buscamos a uma mercadoria ou objeto não o conquistaremos. Nem conseguiremos fazer com que ninguém o conquiste. Felicidade é meio, não fim. E deve estar ao alcance de todos que a desejam.

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Em tempo, aos 17% dos respondentes à enquete que disseram que seus pensamentos e emoções negativas predominam, e que não conseguem ser positivos, recomendo a leitura deste artigo. Recomendo, também, muita reflexão sobre que vida desejam levar, sua missão e valores e tudo aquilo que possam avaliar como significativo em sua vida, capaz de lhes promover bons sentimentos. Recomendo, talvez, ainda, a consulta a um psicólogo, para avaliar se tamanha negatividade não é algo patológico, lembrando que nem sempre é, visto que também é típico de nossa sociedade "tangibilizadora" o hábito de tudo patologizar.