Por que se tornar um campeão é para poucos? – Parte I

por Renato Miranda

Costumo provocar meus alunos quando em reflexões sobre desempenho esportivo, ao dizer que o resumo da vida é resolver problemas. A cada fase da vida e em qualquer momento nós estamos, de certa forma, tentando resolver algum tipo de problema. Em muitos casos estes mesmos problemas são considerados desafios projetados por nós mesmos.

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No esporte o desempenho é a orientação básica de qualquer atleta. Aprendiz, amador avançado ou profissional, a melhoria do desempenho é o desafio de todos aqueles que preenchem suas vidas com o esporte.

Seja em comparação com outros atletas ou consigo mesmo, a melhoria do desempenho é um desejo constante. Nos treinamentos ou em competições, a superação de limites é o problema a ser resolvido e, somente com desempenhos elevados, tais limites poderão ser alcançados e imediatamente elevados.

Nesse sentido alcançar metas e ampliá-las para níveis ainda mais altos é o que permite ao atleta conquistar o alto padrão de rendimento, vitórias, títulos memoráveis e ser reconhecido. Para tanto, um sistema integrado e complexo de ações e comportamentos que exigem ao máximo do atleta, principalmente aquele que almeja se tornar um grande profissional.

Tal sistema é considerado integrado e complexo porque é estabelecido por condições técnicas, físicas, cognitivas, emocionais e ambientais (relacionadas às estruturas de treinamento, oportunidades, e relações profissionais – provenientes da qualidade das orientações) que envolvem a vida do atleta.

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Em consequência pode-se deduzir que vir a ser um atleta amador avançado é uma tarefa exigente. Um atleta profissional é especialmente exigente e um atleta profissional de alto nível e vencedor é algo extraordinário.

Talvez seja por isso que na história de cada esporte apenas alguns atletas figuram como modelos de grandes campeões.

Mesmo relativizando o sucesso advindo de altos desempenhos, principalmente para servir de incentivo para qualquer setor da vida, pode-se avaliar que para se obter ótimos desempenhos é fundamental encontrar um fluxo de ações, estado mental e comportamentos que promovam tais resultados.

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Com uma combinação entre alta motivação, concentração, cognição, satisfação, alegria, controle emocional, envolvimento, desenvolvimento e controle corporal geral (físico e técnico) decerto há um estado mental que impulsiona o atleta para altos níveis de desempenhos.

Os estudiosos Susan Jackson e Mihaly Csikszentmihalyi reforçam esse pensar e oferecem algumas "pistas" que esse estado mental existe e em muitos casos são descritos em poucas palavras, mas de forma precisa por alguns atletas, ao mesmo tempo em que seus desempenhos são descritos por terceiros como algo jamais visto ou sonhado.