Excesso de barulho pode deixar paulistano estressado e surdo

Da Redação

Na capital, em pontos como as Avs. Paulista, República do Líbano e Radial Leste, a poluição sonora atinge índices de até 110 decibéis, que causa danos aos ouvidos

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O grave problema da poluição sonora nas metrópoles piora a cada dia, principalmente por falta de fiscalização das autoridades. O trânsito é o grande vilão. Além do excesso de veículos nas ruas, sirenes de ambulâncias, ônibus, carros e motos com escapamento furado ou enferrujado, alterações no silencioso ou no cano de descarga, problemas no motor e os maus hábitos ao dirigir – acelerações e freadas bruscas e o uso de buzina em excesso -, agravam o barulho; sem falar nos carros com alto-falante que vendem de tudo pelas ruas da cidade.

Além de incômodo, o barulho afeta a saúde física e psicológica das pessoas, gerando estresse, ansiedade e aumento da pressão sanguínea. Quando o ruído é intenso e prolongado, pode causar alterações irreversíveis, como a perda da audição. E o que se constata é que, por conta do aumento da poluição sonora, a perda auditiva está começando a surgir mais cedo entre moradores de grandes cidades.

Especialistas explicam que o limite máximo de decibéis permitido é de 55 durante o dia e 50 à noite. No entanto, medições já realizadas por um fabricante de protetores auriculares mostraram índices bem mais altos. Todos os que circulam pelo centro da capital, seja de carro ou a pé, sofrem com a poluição sonora. Na esquina da avenida Paulista com rua da Consolação, por exemplo, o aparelho utilizado para medição registrou até 96 decibéis (dB); na Rua 25 de março – com o tradicional comércio de rua -, esquina com a Ladeira Porto Geral, a intensidade alcançou 105 decibéis.

Na Av. República do Líbano com a Rua Manoel da Nóbrega, no Ibirapuera, foram registrados até 100 decibéis; e na Radial Leste, na zona leste, a intensidade alcançou 110 decibéis.

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"Uma exposição por quatro horas diárias nesse nível é suficiente para afetar a audição. Na maioria dos casos, a pessoa só descobre que sofre do problema quando a perda de audição é grave. Por isso a prevenção é importante", alerta a fonoaudióloga Isabela Gomes.

Qualquer som acima de 85 decibéis pode causar surdez. A perda auditiva depende tanto da potência do som como do período de exposição ao ruído. Para se saber se o barulho está atingindo 85 decibéis é só verificar se é preciso elevar a voz para outra pessoa conseguir ouvir. O barulho frequente pode ocasionar problemas graves de audição em longo prazo – entre 10 e 15 anos.

A exposição, por exemplo, a um som de 90 decibéis por oito horas pode causar danos aos ouvidos; mas se a exposição for a um som de 140 decibéis – como é o caso do disparo de um tiro ou de um rojão, a curta distância -, um segundo já é o bastante para prejudicar a audição.

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"Pessoas que trabalham na rua – como policiais, guardas de trânsito, entre outros – podem ter perda auditiva induzida por ruído. Até mesmo funcionários de lojas situadas em vias muito barulhentas precisam tomar cuidado. Infelizmente, esse tipo de perda auditiva é irreversível e, na maioria dos casos, a única solução é o uso do aparelho auditivo", lembra a fonoaudióloga.

Algumas medidas poderiam facilitar a redução do nível de ruído – entre elas melhorar a qualidade dos motores dos carros. Uma fiscalização séria sobre os ônibus, motos, carros e caminhões que trafegam pelas ruas e avenidas da capital também ajudaria. Mas enquanto nada ou pouca coisa é feita nesse sentido, uma das soluções mais baratas e inteligentes é usar protetores de ouvido.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os ruídos são a terceira principal causa de poluição mundial. A entidade registrou, no ano passado, aumento de 15% de surdez entre a população do planeta.

Tabela de intensidade sonora

– próximo ao silêncio total – 0 dB

– um sussurro – 15 dB

– conversa normal – 60 dB

– voz humana (alta) – 75 dB

– uma máquina de cortar grama – 90 dB

– ruído do metrô – 90 dB

– uma buzina de automóvel – 110 dB

– trovão forte – 120 dB

– um show de rock – 120 dB

– um tiro ou um rojão – 140 dB

– avião a jato na pista – 140 dB