Idoso com transtorno bipolar tem mais chance de ter demência

por Elisandra Vilella G. Sé



Continua após publicidade

Transtorno bipolar“A pessoa pode apresentar a primeira manifestação de depressão e passar em média entre 10 e 15 anos para o aparecimento do primeiro episódio de euforia”

Transtorno bipolar é uma doença caracterizada por sintomas de depressão e euforia é ocorre também em idosos.

Essa doença sobrecarrega os sistemas de saúde e muitas vezes é difícil a estabilização do quadro. Ela afeta de 1% a 2% da população e os primeiros sintomas costumam aparecer entre a segunda e terceira década de vida, mas aproximadamente 8% dos casos podem começar após 65 anos de idade.

A pessoa pode apresentar a primeira manifestação de depressão e passar em média entre 10 e 15 anos para o aparecimento do primeiro episódio de euforia. Quando mais graves, as alterações de humor podem estar acompanhadas de sintomas psicóticos, sendo os delírios normalmente os mais frequentes.

Continua após publicidade

As causas são heterogêneas, mas os fatores mais estabelecidos na literatura para o transtorno bipolar são familiares e genéticos. Fatores sociais como (ex: isolamento social) e psicológicos (ex: perdas afetivas importantes) podem influir de forma significativa no desenvolvimento da doença, interferir no curso e na recorrência dos sintomas.

O desenvolvimento dos sintomas do transtorno bipolar em idosos não diferem de outras faixas etárias. Nos idosos existe uma maior proporção de mulheres que homens com a doença. Ou seja, Devido à feminização da velhice, existe uma maior porcentagem de mulheres idosas na população.

Quanto aos sintomas cognitivos no transtorno bipolar em idosos, as funções executivas e a memória são as mais alteradas e frequentemente relacionadas com o curso da doença. Estudos apontam um *declínio cognitivo e ** funcional dos indivíduos idosos com transtorno bipolar.

Continua após publicidade

Os idosos com transtorno bipolar têm um risco duas vezes aumentado para evoluir para um quadro de demência comparados com indivíduos com outras doenças crônicas. Nos idosos é grande a comorbidade (relação) com outras patologias, bem como o uso de múltiplas medicações. Por isso, é muito difícil estabelecer o diagnóstico de transtorno de humor acompanhado de outra condição médica.

Pacientes idosos com transtorno bipolar têm mais risco de ter uma síndrome mental orgânica associada. Entre essas doenças que podem cursar com o transtorno bipolar estão: cerebrovasculares, traumatismo craniano, alcoolismo crônico, doenças endócrinas, demência e esclerose múltipla.

Quanto ao tratamento, esse deve ter o objetivo de suprimir os sintomas, a prevenção de recaídas e preservar a funcionalidade do paciente.

O tratamento medicamentoso para o transtorno bipolar em idosos deve ser o mesmo recomendado para adultos. A abordagem não farmacológica também é importante. A forma como o paciente enfrenta e lida com a doença e eventos estressores têm implicações importantes.

Psicoterapia, reeducação, grupos de apoio e suporte social são formas de tratamentos não farmacológicos indicados e melhoram de forma significativa a adesão ao tratamento medicamentoso.

* Declínio cognitivo: falhas de memória, de atenção, concentração, dificuldade de coordenação motora.

** Declínio funcional: perda da autonomia e para realizar atividades da vida diária como preparar refeições, sair sozinho, controlar finanças, etc.