Antioxidantes e radicais livres; saiba o que fazem e o que são

por Jocelem Salgado

Muito se tem falado dos radicais livres e dos antioxidantes. Mas será que todas as pessoas sabem o que são eles? Por que os radicais livres são tão temidos e como os antioxidantes agem no sentido de combatê-los?

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Este artigo tem como objetivo esclarecer o papel dos radicais livres no nosso organismo, o que fazer para minimizar seus efeitos e quais são as substâncias antioxidantes que podem ser utilizadas para neutralizar a ação dessas substâncias no nosso organismo.

Os radicais livres

Para entendermos o que são os radicais livres é necessário esclarecer que todas as células do nosso corpo necessitam constantemente de oxigênio para converter os nutrientes absorvidos dos alimentos em energia. Entretanto, a queima do oxigênio pelas células (oxidação) tem seu preço: libera moléculas de radicais livres que são instáveis e apresentam um elétron com carga negativa que tende a se associar muito rapidamente a outras moléculas de carga positiva com as quais pode reagir ou oxidar. Dessa forma, esses radicais podem danificar as células sadias do nosso corpo, sendo que o bombardeamento excessivo por essas moléculas danifica o DNA das células, bem como outros materiais genéticos.

Entretanto, as células do nosso corpo, expostas a dezenas de ataques de radicais livres por dia, têm enzimas protetoras que reparam 99% do dano por oxidação. Sendo assim, o nosso organismo consegue controlar o nível desses radicais produzidos através do metabolismo do oxigênio. Mas esse processo de oxidação que ocorre dentro do nosso corpo, devido aos processos metabólicos, não é a única fonte de radicais livres. Há fatores externos que podem igualmente contribuir para a formação de um excesso de radicais e que podem causar danos irreparáveis.

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Entre as causas externas mais prováveis de formação de radicais livres no nosso corpo encontram-se:

– Poluição ambiental e gases de escapamentos de veículos;
– Raios X e radiação ultravioleta do sol;
– Fumo e fumaça de cigarro e o álcool;
– Resíduos de pesticidas;
– Substâncias tóxicas presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, hormônios, aflatoxinas, etc);
– Stress e alto consumo de gorduras saturadas (frituras, embutidos, etc)

Ação dos radicais livres

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Os radicais livres não devem ser considerados como bandidos que querem nos matar o tempo todo. Ao contrário, eles são muito úteis e nosso organismo não vive sem eles, pois são indispensáveis às nossas defesas contra as infecções, por exemplo. O que deve ficar claro é que o excesso dessas substâncias no nosso corpo é tóxico, é prejudicial para nossa saúde.

Quanto mais uma pessoa ficar exposta aos fatores externos que citamos anteriormente, maior é a quantidade de radicais livres que se acumulam no seu corpo. Com o tempo, esse efeito cumulativo pode causar alterações irreversíveis nas células ou mutações, que podem favorecer o aparecimento e o desenvolvimento de células cancerígenas.

A formação de radicais livres também está relacionada ao enfraquecimento do sistema imunológico e ao envelhecimento. Manchas pigmentadas na pele, rugas precoces, até distúrbios mais sérios como catarata, arteriosclerose, artrite, entre outras, têm sido atribuídos à ação dos radicais livres.

A comunidade científica reconhece que algumas doenças mais incapacitantes ou mortais são provocadas pela presença desses radicais. Na lista encontram-se esde o caso dos enfisemas, dos acidentes vasculares cerebrais, de certas afecções reumáticas, doença de parkinson, mal de Alzheimer, entre outras.

A arma: os antioxidantes

Os antioxidantes são moléculas com carga positiva que se combinam com os radicais livres, de carga negativa, tornando-os inofensivos. Portanto, essas substâncias teriam a capacidade de anular a ação de oxidação desses radicais, daí o nome antioxidante.

Os antioxidantes estão presentes nos alimentos e os mais importantes são:

– Vitamina C encontrada em grande quantidade nas frutas cítricas e vegetais verde escuros (laranja, limão, lima, acerola, caju, kiwi, morango, couve, brócolis, tomate, etc);
– Vitamina E encontrada principalmente no germe de trigo (fonte mais importante), óleos de soja, arroz, algodão, milho e girassol, amêndoas, nozes, castanha o Pará, gema, vegetais folhosos e legumes;
– Vitamina A encontrada principalmente em alimentos como a cenoura, abóbora, fígado, batata doce, damasco seco, brócolis, melão.
– Selênio, um mineral encontrado na castanha do pará, alimentos marinhos, fígado, carne e aves.
– Zinco, outro mineral encontrado principalmente nas carnes, peixes (incluindo ostras e crustáceos), aves e leite. Cereais integrais, feijões e nozes são também boas fontes.
– Bioflavonóides, substâncias ativas encontradas em frutas cítricas, uvas escuras ou vermelhas.
– Licopeno, substância ativa encontrada principalmente no tomate.
– Isoflavonas, substância ativa encontrada principalmente na soja.
– Catequinas, substâncias ativas encontradas principalmente em frutas da família do morango, uva e chá verde (green tea).

Portanto, como podemos observar, uma alimentação rica em vegetais, incluindo frutas diversas, leguminosas, cereais e hortaliças é a melhor proteção contra os radicais livres. Inúmeros estudos mostram que os antioxidantes presentes nesses alimentos vegetais neutralizam a ação dos radicais livres e diminuem o risco de uma série de doenças, inclusive o envelhecimento precoce. Mas é importante que as pessoas evitem também os fatores externos causadores da formação de radicais e não ficar na dependência do uso de antioxidantes, já que esses são apenas um recurso da natureza, com funções bem definidas. E entre essas funções, não consta a capacidade de fazer milagres.

Pílulas e cápsulas de antioxidantes funcionam?

Quem faz uma alimentação equilibrada e variada e não se expõe constantemente aos fatores externos formadores de radicais, está no caminho certo. No entanto, existem pessoas que acreditam que a solução seria tomar todos os dias algumas pílulas de antioxidantes e tudo estaria resolvido. Infelizmente isto não dá certo.

Estudos mostram que pessoas que tomaram doses diárias de vitaminas e minerais por mais de dez anos, não tiveram melhor saúde nem viveram mais do que essoas que não usavam esses suplementos. Esses mesmos estudos mostram que as vitaminas e minerais são ótimos para nossa saúde, mas especificamente quando ingeridas na forma natural, comprados nas feiras, varejões e supermercados.

Além disso, muito cuidado deve-se ter com as cápsulas contendo antioxidantes. Quando ingeridas em grandes quantidades, alguns nutrientes podem passar a ter o efeito contrário, ou seja, aumentar a oxidação. Por isso, os suplementos que excedem as recomendações dietéticas (RDA), somente podem ser tomados sob supervisão médica.

As altas doses de vitamina E, por exemplo, podem interferir na coagulação do sangue e aumentar o risco de hemorragia. Portanto, do meu ponto de vista, tais suplementos devem ser recomendados somente quando o indivíduo estiver doente, e não consegue obter as necessidades diárias dessas substâncias somente através da alimentação.

Faça do alimento o seu medicamento

Certas vitaminas, minerais e substâncias ativas encontradas nos alimentos são, portanto, excelentes antioxidantes que neutralizam a ação dos radicais livres. O consumo dessas substâncias fortalece nosso sistema imunológico, além de reduzir o risco de uma série de doenças. Veja o que acontece a uma maçã sem casca deixada ao ar livre: ela oxida e fica escura. A casca está para a maçã, assim como os antioxidantes estão para o nosso organismo. Mas uma coisa deve ficar clara: eles devem ser comprados na feira e não na farmácia. Como costumo dizer sempre “faça do alimento o seu medicamento”.