Por que reuniões em famíla trazem bem-estar

por Elisa Kozasa

 

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Atualmente, muitas famílias não dão mais a devida importância às celebrações religiosas ou festividades, em que é possível agrupar pais, filhos, avós, tios, primos, padrastos, madrastas, e outros parentes e amigos. Muitos não têm tempo para se encontrar, ou até mesmo para comer regularmente com as pessoas que moram em sua própria casa. É como se a casa, aos poucos, começasse a abrigar pessoas cada vez mais estranhas e distantes entre si, mesmo sendo da mesma família.

A casa vai se tornando apenas um abrigo em comum, onde se pode dormir, ter algo para comer, e alguma relativa segurança.

Aquela frase de comercial de televisão “não basta ser pai, tem que participar”, poderia ser estendida a todos os membros da casa: “não basta ser filho tem que participar”, “não basta ser mãe, tem que participar”, etc..

Existem diversos estudos apontando para a importância de uma adequada inserção e relacionamento familiar (mesmo que seja formada por apenas uma mãe mais presente, ou um pai mais presente), para a estruturação psicológica dos filhos. Uma família presente, que transmite segurança e confiabilidade, além de amor e carinho, tende a diminuir os riscos dos filhos envolverem-se em episódios de violência na escola, em abuso de drogas, e outros problemas cujos riscos tendem a aumentar em especial na adolescência.

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Para os pais, essa inserção familiar é também importante para redução de suas ansiedades e para uma melhor qualidade de vida, à medida que vão envelhecendo, pois eles sentem que poderão contar com algum apoio quando suas funções físicas e cognitivas estiverem decaindo, e certamente precisarão de ajuda. Aliás, o número de pessoas afetadas por doenças degenerativas (incluindo as neurodegenerativas) tende a aumentar no planeta devido ao aumento de nossa expectativa de vida. E essas pessoas (ou nós), precisaremos de ajuda.

O fenômeno de isolamento, até mesmo entre os membros da mesma família, ocorre comumente nos grandes centros urbanos, enquanto que o apoio não apenas familiar, mas comunitário, encontra-se preservado em cidades menores ou zonas rurais. Isso porque nesses lugares menores, as pessoas têm mais tempo para cultivarem os relacionamentos, e têm a oportunidade de se conhecerem melhor. Além disso, as tradições, como a Páscoa e demais celebrações religiosas que valorizam esses relacionamentos, estão mais preservadas.

Certa vez, um amigo que mora em uma cidade pequena, daquelas em que as pessoas se conhecem pelo nome, disse: “engraçado, aqui em São Paulo tem tanta gente, mas as pessoas são tão sozinhas…”. Com sua simplicidade, mas com a sabedoria de quem consegue parar, observar e perceber o que realmente está acontecendo em uma conversa ou grupo de pessoas, ele captou a essência de que estar junto ou agrupado não significar interagir, e poder contar realmente com as pessoas.

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Dicas de leitura:

Bowes L, Arseneault L, Maughan B, Taylor A, Caspi A, Moffitt TE. School, Neighborhood, and Family Factors Are Associated With Children’s Bullying Involvement: A Nationally Representative Longitudinal Study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2009 Mar 24. [Epub ahead of print]

Schor EL. Family pediatrics: report of the Task Force on the Family. Pediatrics. 2003;111(6 Pt 2):1541-71.

de Belvis AG, Avolio M, Sicuro L, Rosano A, Latini E, Damiani G, Ricciardi W. Social relationships and HRQL: a cross-sectional survey among older Italian adults. BMC Public Health. 2008 3;8:348.