Você sabe cuidar do seu relacionamento?

por Patricia Gebrim

“Um relacionamento, como uma casa, inevitavelmente produz certa quantidade de lixo, que nunca se torna nocivo desde que os envolvidos se comprometam com sua retirada e reciclagem”

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Talvez fosse uma boa ideia contratarmos jardineiros e donas de casa para ensinar as pessoas a lidarem de uma forma mais madura com seus relacionamentos.

Quem trabalha na terra sabe e conhece o processo: arar e preparar a terra, plantar, regar, adubar e só depois colher. Quem trabalha na terra sabe que é preciso proteger a sementes durante esse processo e sabe ainda que riscos terão que ser enfrentados. Tempestades virão, bem como pragas, secas e por aí vai. E é assim que, fazendo o que precisa ser feito – arando, semeando e cuidando da semente – um dia vem a satisfação da colheita.

Quem cuida de uma casa sabe que dá um trabalho danado cuidar de infinitos detalhes todos os dias. Limpar, lavar, passar, arrumar, consertar o que se quebra. Quem cuida de uma casa sabe que mesmo tendo feito tudo o que era necessário, precisará fazer tudo de novo, e de novo, e de novo… “por todos os dias de nossas vidas”… Quem cuida de uma casa sabe o que acontece se ficarmos com preguiça de recolher o lixo ou reparar o que foi danificado.
Hoje se quer tudo pronto, trabalho zero!

As pessoas não se dispõem a preparar o terreno antes de iniciar um relacionamento, jogam a pobre nova semente em meio a pedras e ervas daninhas que restaram de relacionamentos anteriores. Além disso, não andam com muita paciência para regar a terra, o que se diria de proteger a semente, que é deixada lá, como se tivesse que sobreviver sozinha às pragas e furacões.

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Pensem… Assim como uma planta precisa de água e adubo, os relacionamentos necessitam de cuidados e atenção, não apenas no momento da conquista, mas por todo o tempo de sua existência. Tente explicar para a plantação de tomates que você anda muito ocupado e que não poderá regá-la por uns dois meses!

Outra coisa, as pessoas não querem lidar com o lixo acumulado. Um relacionamento, como uma casa, inevitavelmente produz certa quantidade de lixo, que nunca se torna nocivo desde que os envolvidos se comprometam com sua retirada e reciclagem. É inevitável que pessoas diferentes se frustrem uma com a outra de vez em quando, discordem e até entrem em conflito. É natural que se sintam mal compreendidas, feridas ou injustiçadas vez ou outra. Nada que não possa ser transformado, desde que se tenha a disponibilidade para lidar com os sentimentos que vierem à tona, mesmo os que não sejam agradáveis ou confortáveis.

Mas as pessoas, cada vez mais, querem apenas os bons sentimentos. Fecham a cara quando o outro diz que se sentiu mal por esse ou aquele motivo. Não fecham apenas a cara, mas também os ouvidos, o coração. E o lixo vai se acumulando.

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– Quer coisa mais danosa do que isso?

E em breve a terra seca, a semente que tinha se transformado em um broto viçoso e cheio de paixão vai ficando murcha, o lixo vai se acumulando e o relacionamento entra em um ciclo que caminha vagarosamente em direção à morte. Uma pena ver tanta cor e beleza sendo jogadas fora.

Se você está em um relacionamento e deseja mantê-lo vivo e viçoso, comprometa-se! Faça, de bom grado e cara feliz, o que precisa ser feito. Regue, nutra, dê a atenção que precisa ser dada. Lide com as dificuldades, retire o lixo, sempre que ele surgir.

E lembre-se, isso deve ser feito por todos os dias de sua vida conjunta, a não ser que prefira que a morte do relacionamento os separe!