Atividade física presente nas ações do cotidiano fazem bem à saúde; indicam estudos

por Nicole Witek

As pessoas que leem regularmente meus textos já sabem que gosto muito das matérias de David Servan-Schreiber. Como médico, David tem acesso a pesquisas que, para nós, interessados no yoga, são extremamente úteis e importantes.

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A última matéria tratava de abalar um grande mito: a atividade física intensa, o culto ao cooper, à maratona, à ginástica intensa… Tudo sendo “destruído”!
Os especialistas da saúde dizem: “mesmo que seja mínima uma atividade física é uma bênção para a saúde”!

Veja o que a medicina avisa hoje:

Para estimular as defesas naturais e dar um gás na sua saúde, não é necessário fazer um cooper cotidiano. A atividade física presente nos gestos do cotidiano pode fazer toda a diferença.

Todo mundo sabe hoje que a atividade física permite a ativação de todos os mecanismos naturais de defesa contra as doenças: quer se trate de infecção, doenças cardíacas, câncer, diabetes, hipertensão arterial, estresse ou depressão.

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Porém a maioria das pessoas continua a se sentir sem jeito na hora de partir para ação e como é o caso do meu próprio filho, sente dificuldade para se empuxar dizendo: “Ah não, atividade física nem pensar!”. Para falar a verdade, ele tem muito pouco tempo depois do trabalho e prefere curtir a família, dar ajuda a esposa e atender o filhinho dele que está com 9 meses. O que eu entendo muito bem.

No dia 28 de outubro morreu o Dr. Jeremy N. Morris com 99 anos e meio de idade. A filha dele diz que ele fazia questão dessa atividade que estou mencionando. Desde 1953, ele foi o primeiro a mostrar que não é especialmente o “esporte” que propicia de maneira formidável a saúde, mas simplesmente o nível de atividade física. Mesmo quando a atividade física faz parte dos gestos cotidianos, essa quantia é suficiente. (1)

Durante seu primeiro estudo, Morris comparou a saúde dos motoristas de ônibus vermelhos normais com os de dois andares (os famosos “double-decker”) londrinos. Todos os motoristas tinham condições de vida comparáveis, origens sociais comparáveis, hábitos alimentares (com fumo e álcool) equivalentes. Porém, aqueles que dirigiam os ônibus de dois andares, quase que sem perceber, subiam 600 degraus por dia, dentro do ônibus, para verificar os bilhetes dos passageiros… E durante o período de observação, que foi de cinco anos, este grupo tinha infartado 50% menos do que os motoristas dos ônibus comuns.

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Mais tarde, Morris realizou a mesma pesquisa com funcionários do correio, chegando aos mesmos resultados. Foi constatado que os carteiros que entregavam o correio a pé ou de bicicleta eram muito mais protegidos contra as doenças cardíacas em relação aos funcionários que trabalhavam no balcão.

Estudo

No mês passado, um novo estudo publicado no Journal of Urology a respeito do câncer da próstata (2). Os pesquisadores da universidade de Duke (Estados Unidos) confirmam novamente que uma quantidade moderada de atividade física pode reduzir o risco de câncer da próstata agressivo em mais de 85%. Na pesquisa, o nível de atividade se situava entre uma hora de caminhada com velocidade normal durante a semana até subir escadas.

Poderíamos, sem dúvida nenhuma, encontrar o mesmo benefício para a prevenção do câncer da próstata nos motoristas de ônibus de dois andares em Londres, se a pesquisa tivesse sido feita nessa mesma época.

Até limpar a casa entra nas contas! Mencionei em um dos meus artigos anteriores um estudo sobre as faxineiras dos hotéis de Boston. Os pesquisadores mostraram que o simples fato de tomarem conhecimento de que faziam exercícios enquanto limpavam os quartos, os banheiros ou trocavam os lençóis de cama, fazia com que essa atividade melhorasse consideravelmente o nível de saúde das mulheres e ao prazo de alguns meses, constava-se até redução de peso, da massa de gordura e da pressão arterial (3).

Mas você não precisa virar motorista de ônibus de dois andares em Londres! Após a virada do ano, parece difícil manter as resoluções de presentear nosso corpo com exercícios. Mas então podemos encontrar um jeito de subir um pouco mais as escadas, procurar andar um pouco mais para os deslocamentos cotidianos como visitar amigos ou ir para o escritório, escolher a bicicleta para comprar seu pão francês na padaria, por exemplo, e praticar nosso hatha yoga.

Quer uma ideia de presente para o seu corpo? Dê a ele um pouco mais de “atividade física”, só que misturadas a outras atividades, entrelaçadas no seu dia a dia.

Este é o melhor presente para se dar: propiciar a nossa saúde hoje e a longo prazo, como o Morris, até 99 anos e meio!

1. Hevesi, d. Jeremy Morris, Who proved exercise is Heart-healthy. Dies at 991/2 in The New York Times. 2009 USA.

2. Antonelli, J.A. et al., exercise and Prostate cancer Risk in a cohor of Veteran Undergoing prostate Neddle Biopsy. Journal of Urology, 2009 182 (5) p.2226-2231

3. Crum. A.J. and e. J. Langer, Mind-Set Matters: Exercise and the Placebo effect. Psychological Science, 2007. 18 p. 165-171

Leia matéria dos ônibus no blog:
http://blogs.wsj.com/health/2009/11/09/what-double-decker-buses-taught-us-about-heart-attacks/

David servan Schreiber : www.guerir.org