Técnicas de yoga para amenizar os efeitos do jet lag

por Nicole Witek

Em nosso mundo globalizado, vemos a rapidez da informação, a web, a comunicação cada vez mais acelerada, que progresso! E, junto com tudo isso, também a internacionalização das pessoas: o vilarejo cresceu e podemos “pular” sem hesitação de um continente para outro. E, como não poderia deixar de ser, certas profissões acompanham essa mesma dinâmica globalizada: exigem que se tenha fôlego e saúde, para entrar num avião em São Paulo e, participar de uma reunião, no dia seguinte, em Tóquio.

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Faço parte deste grande grupo de pessoas que estão constantemente passando de um clima para outro: do verão paulista, bem regado, ao deserto do Oriente Médio. Da flora quase amazônica da Malásia, ao jardim do Luxemburgo em Paris, florido, cheiroso, passando antes por Dubai (Emirados Árabes Unidos), cidade no meio do deserto.

Estas mudanças exigem adaptações sutis do corpo.

E a principal adaptação é o jet lag: que é essa perda de bem-estar que experimento quando cruzo fusos horários. Esta sensação vem da tentativa do meu corpo em acertar os ritmos biológicos, que dependem principalmente do ritmo circadiano: dia/noite.

Além deste ajuste, o que, sem dúvida nenhuma, me deixaria de mau humor e me cansaria, seria a posição sentada durante horas; essa inatividade que me deixaria inchada, apática. Sem contar o resfriado, quase automático, que se pega no avião.

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Mas… Para falar a verdade, sempre escapo dos males dos voos transcontinentais com alguns truques, e vou ensinar alguns a vocês.

Corpo – revisão geral

Para escapar do inchaço, do mal-estar corporal, eu pratico mini sessões de yoga, discreta e “reduzida” ao espaço da minha poltrona. Durante as mini sessões, sincronizo minha expiração com os movimentos discretos de alongamentos ou de torções.

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O diafragma será meu melhor aliado, servindo de bomba para “aspirar” os líquidos que ficam estagnados na região dos tornozelos e das pernas.

Após me certificar de que a minha coluna esteja ereta, alongo as pernas debaixo da poltrona da frente: sincronizo lentamente, mantendo os dedos dos pés relaxados, os movimentos dos tornozelos com a expiração.

O mais importante: a expiração! Com a intenção de crescer para o alto e de afinar a cintura. Pronto!

Exercício nº1: alongamento das pernas debaixo da poltrona

Exercício nº 2: alongamento das costas

Exercício nº 3: alongamento da região lombar

Exercício nº 4: os braços e as mãos

Exercício nº 5: torções discretas (virar tronco, pescoço e rosto para a direita e depois esquerda, enquanto mantém o quadril para frente).

Exercício nº 6 : alongamento do pescoço

Memorize para a vida inteira: quando o ar sai, na expiração, as costas crescem e ao mesmo tempo em que o ventre fica menor. Faça com que o músculo transverso do abdome esteja sempre ativo e a inspiração será natural e espontânea.

Prevenção a resfriado

Sem entrar nos detalhes do ar-condicionado, o ar que está sendo “adaptado” às condições humanas na altitude de 10 mil metros, se torna seco demais para a maioria de nós e a melhor prevenção é uma echarpe de seda, bem leve para tampar o nariz durante as horas de sono.

E kapalabhati (*respiração) debaixo do chuveiro, após a chegada e a limpeza do nariz. Para quem não conhece essa técnica, bastará limpar e assuar as narinas na atmosfera do chuveiro: o vapor do chuveiro será ideal para devolver as narinas, a umidade necessária para afastar os males do avião.

Conforto digestivo

A posição sentada durante longas horas, desacelera os mecanismos da digestão. Os movimentos de respiração, com a ajuda do diafragma e da musculatura do transverso abdominal, atuarão como uma massagem ideal para o ventre.

Lembre de praticar respirações lentas, sem forçar o ar dentro das narinas, usando o diafragma como pistão. Em caso de dúvidas, eu aconselho que leiam meus artigos sobre a respiração correta.

Descanso e sono

Tudo que propicia o descanso e o sono é bem-vindo: aceite tapar os ouvidos, vedar os olhos, enfiar uma almofada a mais na região lombar, pedir uma manta… Entregue sua vida, com contentamento, para o piloto. Sinta-se feliz por estar aqui e pela possibilidade que você tem de ampliar sua experiência. Sinta, uma por uma, cada parte do seu corpo, e peça para que cada uma delas colabore com o seu descanso. Dos dedos dos pés, até os olhos, couro cabeludo, seja amigo de cada célula e peça gentilmente e mentalmente, a colaboração de cada uma delas.

Em caso de dificuldade, focalize sua atenção no vai e vem da respiração, para aquietar a mente e “fabricar” em sua tela mental o lugar do seu paraíso pessoal, onde você se sente em paz, como um retiro, um abrigo, um ninho.

Programação mental

Para que o tempo nas altitudes seja proveitoso, escolha um tema para uma meditação ativa. Revise sua apresentação mentalmente. Visualize cada pessoa que você vai encontrar com amabilidade, com espírito aberto. Se imagine em plena posse do assunto que você vai apresentar. Lembre que não pode ser um “filme” frio. Coloque toda emoção necessária para que a imagem seja ativa e impregne cada célula.

Chegada

Os ritmos biológicos se acertam a partir das informações luminosas que passam pelas retinas.

Qualquer que seja a hora da sua chegada: faça um passeio de 15/20 minutos ao ar livre, na medida do possível, sem óculos de sol. Assim seu corpo avaliará sozinho a hora e fará os ajustes necessários.

Quando se chega à noite… É hora de dormir? Um banho gostoso e demorado, umas respirações tranquilas, ritmadas e gostosas serão bem-vindas. Pense em escurecer o quarto o máximo possível.

Chegando para uma reunião… Precisa ficar em forma? Chuveiro tônico, preparando o corpo para uma atividade dinâmica, caminhada rápida, ou uns 15 min na academia do hotel.

Se tiver vontade de dormir durante o dia… Não durma! Tire umas sonecas de 15 a 20 min, ou faça um relaxamento, dessa mesma duração. Coloque eventualmente o despertador para tocar, porque se o seu descanso durar mais de 20 min poderá perturbar a instalação dos novos ritmos locais.

Essas são as dicas que convêm para todo mundo e são fáceis de passar em um artigo, mas saiba existem outras práticas que necessitam um ensinamento mais detalhado. Porém, com essa lista você já tem um “kit básico” para não sofrer em sua viagem, ter mais energia, astral bom e melhor desempenho.

*Kapalabhati precisa da ajuda de um profissional para ser ensinado. Trata-se de uma técnica de hiperventilação controlada. Devido ao aumento do nível de oxigênio no cérebro, essa técnica deixe a pessoa energizada e animada.