Domingo no Parque: uma vivência espiritual

por Roberto Goldkorn

Domingo passado fui a um grande parque público com minha neta. O dia estava lindo, e milhares de pessoas estavam alí para aproveitar aquele espaço multilazer gratuito.

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Logo que chegamos fui atraido pelos acordes de uma sinfonia, não tinha muita convicção mas me pareceu Vivaldi.

Fomos andando por entre as árvores e de repente chegamos a uma imensa clareira cheia de gente sentada ou deitada no chão ouvindo a orquestra sinfônica.

Fiquei emocionado e coloquei minha neta sobre meus ombros para que ela pudesse ver melhor a orquestra no final daquele mar de gente. Ficamos ali alguns minutos (eu pelo menos em completo deleite). Mas ela não estava gostando e seguimos adiante. Vimos um grupo de jovens vestidos de preto envolvidos no que me pareceu uma briga feia.

Adiante um casal trocava beijos voluptuosos e estava com muito custo refreiando o que num ambiente menos devassado seria uma sessão de sexo selvagem.

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À beira do lago muitos cisnes, gansos e marrecos. Crianças e adolescentes jogavam salgadinhos industrializados para eles ao lado de placas que pediam que não se alimentasse os animais, pois a nossa comida era inadequada para eles (como se não o fosse para nós também).

Um grupo do outro lado da ponte ouvia a pregação religiosa de um pastor fervoroso, erguendo os braços para o alto e gritando Aleluia, enquanto numa tenda pessoas recebiam o Johrei dos adeptos da Igreja Messiânica. Nesse momento percebi claramente a realidade dos ensinamentos que recebi ainda jovem sobre o mundo espiritual. Meus antigos mestres me explicaram que o Astral era o “lugar” para onde 95% da humanidade ia logo após a morte (hoje já não se fala mais em Plano astral e sim em “luz astral” uma vez que plano dá a ideia de dimensão e o astral é um estado da matéria, assim como o vapor de água continua sendo H2O).

Lá, as pessoas que viviam sem a perspectiva espiritual continuavam a fazer exatamente aquilo que estavam condicionadas a fazer no plano físico. Ou seja, as pessoas se congregavam por afinidade “tribal” e mesmo que outro grupo diferente estivesse “ao lado”, elas não veriam, pois no astral a tendência é “ideoplática”: a gente plasma a realidade de acordo com nossos condicionamentos e desejos. O problema é que essa recriação absoluta impede que se enriqueça com a experiência da mutiversidade bloqueando o crescimento espiritual.

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A maldição do tribalismo que assola e enseja a guerra de todos contra todos aqui na Terra, se repete no astral com uma grande diferença: lá se “confirmam” todas as crenças, uma vez que você mesmo tem o poder de plasmá-las.

Assim o Hare Krishna vai descobrir que o “céu” é realmente coisa de Krishna como eles acreditavam, da mesma maneira que os viciados poderão mergulhar 110% em seu vício, os obsecados em sexo a mesma coisa e por aí vai.

Nessa espiral inflacionária, porém alguns sintomas “infernais” começam a surgir, como por exemplo a insatisfação crônica/aguda. O “cigarro” criado pelo corpo de desejos do ser, não tem mais sabor nem aplaca a fissura, o mesmo acontece com a carne para os carnívoros absolutos (aqueles que não podem passar um dia sequer sem comer carne), porque falta a energia do sangue.

Os megalomaníacos que vão recriar seus impérios podem começar a ser assombrados pelos medos subjetivos de serem roubados e de perderem a sua riqueza. Já os supervaidosos, começam a desenvolver o medo de ficarem feios ou decadentes e não serem mais admirados e vai por aí.

O Astral, principalmente em suas dimensões mais densas, equivale a um inferno, porque ali tudo é intenso, sem limites e quanto mais intenso mais gera seus opostos, da insatisfação da ilusão que se repete, ao medo de perder o que na realidade não se tem.

Diferente do parque domingueiro, que na segunda-feira tem sua vida de volta ao “normal”, no astral nada termina, tudo é trabalho de Sísifo, tudo é repetido, repetido e repetido…

Imagine o seu prato preferido. Imaginou? Imagine comer o seu prato preferido todos os dias da sua vida, ou imagine que você cria um banquete com tudo o que há de melhor, e mais rico que a sua memória terrena lhe permite. Imagine que no fundo de sua mente existia o temor de ser roubado, de ser invadido por um bando de maltrapilhos famintos que iriam lhe roubar a rica comida. Imaginou? Esse é o terror do astral.

Se lá podemos criar através de nossa imaginação e desejos aquilo que fomos condicionados a imaginar, ou desejar, também podemos encenar nossos medos mais profundos que eles se tornam realidade.
Se aqui você se identifica com uma tribo e divide o mundo entre “nós” e “eles”, vai penar no astral.

Se você é apegado a desejos que só podem ser satisfeitos através dos sentidos, o astral será para você uma imensa cracolândia, piorada porque a droga astral ao contrário da quimica, não vai satisfazer seu desejo de ficar chapado.

“Gritos, gemidos e ranger de dentes” não serão provocados pelos diabos chifrudos e com tridentes safados e sim pelos seus próprios medos e frustrações aumentados em milhares de vezes.
É nisso que acredito: dependendo de como você vive, morrer não é um passeio no parque!

 

Domingo no Parque: uma vivência espiritual

Domingo passado fui a um grande parque público com minha neta. O dia estava lindo, e milhares de pessoas estavam alí para aproveitar aquele espaço multilazer gratuito.

 Logo que chegamos fui atraido pelos acordes de uma sinfonia, não tinha muita convicção mas me pareceu Vivaldi.

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Fomos andando por entre as árvores e de repente chegamos a uma imensa clareira cheia de gente sentada ou deitada no chão ouvindo a orquestra sinfônica.

Fiquei emocionado e coloquei minha neta sobre meus ombros para que ela pudesse ver melhor a orquestra no final daquele mar de gente. Ficamos ali alguns minutos (eu pelo menos em completo deleite). Mas ela não estava gostando e seguimos adiante. Vimos um grupo de jovens vestidos de preto envolvidos no que me pareceu uma briga feia.

Adiante um casal trocava beijos voluptuosos e estava com muito custo refreiando o que num ambiente menos devassado seria uma sessão de sexo selvagem.

À beira do lago muitos cisnes, gansos e marrecos. Crianças e adolescentes jogavam salgadinhos industrializados para eles ao lado de placas que pediam que não se alimentasse os animais, pois a nossa comida era inadequada para eles (como se não o fosse para nós também).

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Um grupo do outro lado da ponte ouvia a pregação religiosa de um pastor fervoroso, erguendo os braços para o alto e gritando Aleluia, enquanto numa tenda pessoas recebiam o Johrei dos adeptos da Igreja Messiânica. Nesse momento percebi claramente a realidade dos ensinamentos que recebi ainda jovem sobre o mundo espiritual. Meus antigos mestres me explicaram que o Astral era o "lugar" para onde 95% da humanidade ia logo após a morte (hoje já não se fala mais em Plano astral e sim em "luz astral" uma vez que plano dá a ideia de dimensão e o astral é um estado da matéria, assim como o vapor de água continua sendo H2O).

Lá, as pessoas que viviam sem a perspectiva espiritual continuavam a fazer exatamente aquilo que estavam condicionadas a fazer no plano físico. Ou seja, as pessoas se congregavam por afinidade "tribal" e mesmo que outro grupo diferente estivesse "ao lado", elas não veriam, pois no astral a tendência é "ideoplática": a gente plasma a realidade de acordo com nossos condicionamentos e desejos. O problema é que essa recriação absoluta impede que se enriqueça com a experiência da mutiversidade bloqueando o crescimento espiritual.

A maldição do tribalismo que assola e enseja a guerra de todos contra todos aqui na Terra, se repete no astral com uma grande diferença: lá se "confirmam" todas as crenças, uma vez que você mesmo tem o poder de plasmá-las.

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Assim o Hare Krishna vai descobrir que o "céu" é realmente coisa de Krishna como eles acreditavam, da mesma maneira que os viciados poderão mergulhar 110% em seu vício, os obsecados em sexo a mesma coisa e por aí vai.

Nessa espiral inflacionária, porém alguns sintomas "infernais" começam a surgir, como por exemplo a insatisfação crônica/aguda. O "cigarro" criado pelo corpo de desejos do ser, não tem mais sabor nem aplaca a fissura, o mesmo acontece com a carne para os carnívoros absolutos (aqueles que não podem passar um dia sequer sem comer carne), porque falta a energia do sangue.

Os megalomaníacos que vão recriar seus impérios podem começar a ser assombrados pelos medos subjetivos de serem roubados e de perderem a sua riqueza. Já os supervaidosos, começam a desenvolver o medo de ficarem feios ou decadentes e não serem mais admirados e vai por aí.

O Astral, principalmente em suas dimensões mais densas, equivale a um inferno, porque ali tudo é intenso, sem limites e quanto mais intenso mais gera seus opostos, da insatisfação da ilusão que se repete, ao medo de perder o que na realidade não se tem.

Diferente do parque domingueiro, que na segunda-feira tem sua vida de volta ao "normal", no astral nada termina, tudo é trabalho de Sísifo, tudo é repetido, repetido e repetido…

Imagine o seu prato preferido. Imaginou? Imagine comer o seu prato preferido todos os dias da sua vida, ou imagine que você cria um banquete com tudo o que há de melhor, e mais rico que a sua memória terrena lhe permite. Imagine que no fundo de sua mente existia o temor de ser roubado, de ser invadido por um bando de maltrapilhos famintos que iriam lhe roubar a rica comida. Imaginou? Esse é o terror do astral.

Se lá podemos criar através de nossa imaginação e desejos aquilo que fomos condicionados a imaginar, ou desejar, também podemos encenar nossos medos mais profundos que eles se tornam realidade.
Se aqui você se identifica com uma tribo e divide o mundo entre "nós" e "eles", vai penar no astral.

Se você é apegado a desejos que só podem ser satisfeitos através dos sentidos, o astral será para você uma imensa cracolândia, piorada porque a droga astral ao contrário da quimica, não vai satisfazer seu desejo de ficar chapado.

"Gritos, gemidos e ranger de dentes" não serão provocados pelos diabos chifrudos e com tridentes safados e sim pelos seus próprios medos e frustrações aumentados em milhares de vezes.

É nisso que acredito: dependendo de como você vive, morrer não é um passeio no parque!