Quem decide se vamos ter um filho?

por Arlete Gavranic

Esse tema é delicado e pode gerar muita polêmica.

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Para a maioria dos casais jovens existe uma expectativa de que essa decisão ocorra entre os dois.

Mas essa decisão precisaria estar apoiada em responsabilidade e uma série de questionamentos e respostas. Se estamos preparados afetivamente para receber outro ser na relação, se estamos financeiramente estruturados para encarar os gastos que uma criança traz, se estamos seguros com esse relacionamento, se temos clareza de nossos papéis de mãe e pai, se de fato desejamos viver essa mudança.

Parece muito perfeccionista? Difícil ter tantas respostas para essa decisão?

Ter um filho é uma grande responsabilidade. Não basta querer ser mãe, ou se sentir com afeto para doar… Crianças necessitam de estrutura de vida para se desenvolverem sem muitas sequelas afetivas, entre outras tantas carências.

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O que sempre se ouviu falar e até hoje se fala, são as  histórias onde mulheres – consciente ou inconscientemente (quase sem querer) possibilitam a ocorrência de uma gravidez. Muitos podem ser fatores motivacionais para isso. Existem grandes interesses financeiros, pois um bebê será sempre um herdeiro, pode ser um interesse de grandeza menor, mas também financeiro, pois garante uma pensão durante 21 anos, existem interesses romantizados que muitas vezes ouvimos de um grupo de mulheres que desejam "guardar" nesse filho essa história de amor, e existem até aquelas mulheres que para cada 'grande amor' vivido, ela garanta um filho (e uma pensão) de recordação. Aí encontramos mulheres de aproximadamente 35/38 anos com 3, 4 ou até 5 filhos de pais e histórias diferentes. Também encontramos mulheres que buscam através de uma gestação sensibilizar o parceiro para a continuidade do relacionamento, que muitas vezes se encontra em crise: declarada – preparando para uma separação; ou velada – o casal se distanciado com atitudes de frieza e desinteresse, o famoso 'tentar segurar o marido'.

Essa gravidez  ocorre por 'esquecimento' de tomar o contraceptivo oral, algumas vezes porque o preservativo rompeu, outras porque 'eles' esqueceram que estavam no período fértil.

Na maioria das vezes encontramos intenções que tinham consciência dos riscos ou da chance de aumentar a probabilidade de uma gravidez acontecer. Mas uma coisa que tem muito me chamado a atenção são de casos onde há um interesse do homem em permanecer naquele relacionamento – seja por apaixonamento ou por interesses financeiros, profissionais, de status social ou patrimonial.

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Esses casos de interesse pouco afetivo acontecem com maior frequência em situações onde a mulher tem uma melhor condição social/financeira. E vejo que isso acontece com garotas de 17-18 anos, mas também com mulheres de 25-30 ou 35 anos. Os afetos se misturam ou se deixam mascarar por diferentes desejos.

O medo de ficar só ou de sentir-se sozinha socialmente faz com que muitas mulheres se sintam frágeis a ponto de tentarem buscar na gravidez uma segurança e proteção afetiva (e às vezes financeira), e também podem fazer muitas mulheres se comportarem de maneira submissa, mas com muitas intenções manipuladoras. Isso com o objetivo de não serem abandonadas, de sensibilizarem o outro, de deixarem o outro com receio de reprovação social ou de ser difamado.