Conhecer seus limites levam à autorrealização

por Renato Miranda

É notório que o esporte como uma das atividades que podem contribuir para a formação do futuro adulto, é em muitos casos, algo que pais e educadores incentivam adolescentes a praticarem.

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No entanto, o esporte para poder favorecer o cumprimento dos anseios daqueles que o vislumbram, como instrumento de auxílio para uma boa saúde psicofísica e complementação de uma boa educação, precisa ser organizado e operacionalizado em direção à autorrealização e autossuperação dos jovens, independentemente dos vários possíveis objetivos que os mesmos podem projetar.

Ao tratar dos assuntos relativos aos jovens atletas que desde a tenra idade manifestam aptidões para a prática esportiva, indico algumas diretrizes que podem auxiliar especialistas e treinadores juvenis em suas tarefas para o incentivo da superação e realização pessoal daqueles que praticam esportes na adolescência.

Vencer é um objetivo inerente ao esporte competitivo, mas treinador e atleta devem avaliar o desempenho sem considerar o resultado final como o único critério de sucesso. O progresso individual do jovem atleta requer, sobretudo, a percepção do desenvolvimento contínuo de suas capacidades físicas e psicológicas na medida em que o mesmo se dedica aos treinamentos.

Isso significa dizer que é fundamental conscientizar os jovens atletas sobre os seus próprios limites, a fim de procurar superá-los e com isso ter condições pessoais de avaliar sua evolução nos treinamentos e competições. Lembre-se: para ser bom é preciso definir limites pessoais.

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Para tanto, é fundamental que profissionais auxiliem significativamente os jovens a estabelecerem metas pessoais, e em consequência, terem elementos para relativizar os resultados das competições mediante suas metas, seus limites, seus esforços e seus níveis de desempenho em ralação aos outros atletas e o desempenho pessoal anterior à determinada competição.

Julgar a si mesmo e ser julgado por outros apenas pelo resultado da competição pode ser um erro crucial para definir a trajetória da vida esportiva do jovem atleta.
 
Por outro lado, além do incentivo à autossuperação e a autorrealização essa orientação estabelecida como critério de atuação profissional, auxilia na prevenção de frustrações exacerbadas diante de resultados negativos (derrotas) e ao mesmo tempo inibe o aparecimento de comportamento arrogante diante resultados positivos (vitórias).

Em outras palavras, o jovem começa a perceber que ele não é tão ruim o quanto ele mesmo pensa quando perde e tampouco muito bom quando vence. 

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Para o jovem aprender a ser criterioso em sua autoavaliação é necessário que ele seja incentivado a atribuir causas às derrotas e às vitórias. Ou seja, o (a) jovem atleta deve aprender a equacionar o impacto das emoções relativas ao resultado competitivo (derrota ou vitória). Isso favorecerá uma boa autoavaliação de desempenho.
    
Em resumo, podemos definir as seguintes diretrizes para o treinamento da autossuperação e da autorrealização no esporte juvenil:

a)    Reconhecer limites pessoais (técnicos, físicos, táticos e psicológicos);
b)    Equacionar o impacto emocional das derrotas e vitórias momentâneas;
c)    Atribuir as causas das derrotas e vitórias conscientemente;
d)    Definir metas realistas a partir dos limites pessoais;
e)    Fazer avaliação dos resultados em competições como norma individual. Por exemplo, “O quanto evolui?” “O quanto estou melhor?” “O quanto preciso melhorar?”.

Vencer uma competição é importante e motiva os jovens a prosseguirem no esporte. No entanto, muito mais importante é construir os caminhos para a superação individual e da realização pessoal. Baseados no esforço, dedicação autodisciplina, desenvolvimento e na alegria em vivenciar aquilo que muitas pessoas investem tempo e dinheiro pelo simples prazer em admirar: o esporte!

Talvez assim nós possamos auxiliar a educação de jovens que promove a orientação para a tarefa, ou seja, para o esforço da melhoria das qualidades positivas pessoais. Ou então, escolher o caminho da orientação ao ego, ou seja, o que interessa é vencer a qualquer preço, mesmo quando não há progresso pessoal.