Aprenda a atribuir causas às derrotas e vitórias

por Renato Miranda

A competição esportiva como uma das possibilidades para divertir as pessoas é uma característica que representa o que se consagrou chamar de jogo. Defendo que não só quem assiste, mas todo aquele atleta amador ou profissional que muitas vezes, desde a infância, se dedica ao esporte fortaleça sua motivação por meio da satisfação e alegria em competir. Com isso, o prazer em praticar esporte tende a se manifestar com muita frequência.

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A competição que diverte é aquela em que a essência do lúdico se manifesta, ou seja: espontaneidade, funcionalidade e satisfação estão presentes na experiência esportiva. Isso significa em outras palavras, manifestação da autoexpressão (oportunidade de prática e vivências de qualidade), a experiência esportiva é eficaz (o esporte organizado para obtenção dos objetivos pessoais gerais) e gera bem-estar aos praticantes (a satisfação como facilitador da obtenção do prazer).

O filósofo Johan Huizinga, em seu clássico livro Homo Ludens, nos ajuda a fortalecer a ideia da competição como uma possibilidade de divertimento. O praticante de esporte (amador ou profissional) que encara a competição como algo divertido, tem a oportunidade de usufruir o que há de melhor no movimento: ritmo, tensão, entusiasmo, ordem e mudança.

Para o mesmo Huizinga, na competição quanto mais presente o elemento competitivo, mais apaixonante será a disputa (o jogo). A tensão vivida por meio da competição é a própria magia do jogo, plena das duas qualidades mais nobres que o homem é capaz de perceber: o ritmo e a harmonia.

Vencer é um objetivo inerente ao esporte competitivo, todavia, profissionais do esporte e atletas, podem refletir que o desempenho pode ser considerado como algo valioso independentemente do resultado final.

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Nem sempre quando um atleta tem um alto desempenho consegue vencer. Desde o esporte infanto-juvenil, é um refrigério considerar que um dos fatores mais importantes para todos no esporte competitivo é a possibilidade da percepção da autossuperação e da autorrealização.
    
Ao não julgar apenas os resultados das competições, principalmente no esporte infanto-juvenil, oportuniza-se o aprendizado sobre consciência de limites individuais, a valorização da superação de desempenhos anteriores e a autoavaliação sobre a evolução dos treinamentos.

Derrotas e vitórias

Aprender a atribuir causas às derrotas e às vitórias dinamiza o comportamento motivado perante as competições e fortalece o conceito de superação e realização. Por outro lado, o (a) jovem que aprende a definir seus limites possibilita a obtenção de objetivos próprios com o máximo de sua potência psicofísica, ao superar dificuldades e atingir metas significativas.

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Além disso, o (a) jovem aprende que o esporte favorece o prazer de viver, independentemente da dimensão em que se pratica o mesmo. De outro modo, o esporte como possibilidade lúdica não se restringe ao profissionalismo. Por exemplo, vivenciar, emoções distintas, tensões, bem-estar, liberação de energia psicofísica, e outras experiências pessoais, são possíveis no âmbito amador ou profissional. Ao se definir os limites pessoais fica mais fácil projetar os objetivos que podemos alcançar e competir em um nível capaz de gerar satisfação e alegria.

Em última análise, ao ensinar jovens a praticar esportes com qualidade não significa que estaremos a indicar que o único caminho é o profissionalismo. Sem descartar essa possibilidade, muito mais importante é revelar o quanto é possível usufruir do esporte nas suas mais variadas dimensões, desde o amadorismo ao profissionalismo.

Os limites pessoais e as diversas condições da vida dos jovens, seja nas questões genéticas ou nas influências do meio ambiente, são as matrizes que irão fomentar o caminho da prática esportiva. Portanto, quando a funcionalidade, a espontaneidade e a satisfação estiverem presentes, uma experiência lúdica estará a acontecer a fim de valorizar o homem e a sua vida.