Burnout afeta atletas e profissionais em ascensão, mas pode ser prevenido

por Renato Miranda

O estresse causado pela rotina do treinamento esportivo é um fenômeno natural. A regulação do estresse se dá naturalmente pelo equilíbrio entre a habilidade psicofísica da pessoa realizar tarefas e o nível de exigência das mesmas.

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Em outras palavras, quando habilidades emocionais, cognitivas e físicas como, por exemplo, controle dos níveis de excitação nervosa, capacidade de concentração, automotivação, resistência física, força e demais aptidões do atleta estão compatíveis com os níveis de exigências (tarefas) do treinamento, o estresse tanto físico como psíquico pode ser bem administrado e não há grandes problemas.

Quando esse equilíbrio entre habilidade e tarefas é rompido ou inexiste, é preciso diminuir o grau de exigência da tarefa ou aumentar as habilidades do atleta. No entanto, nem sempre é tão simples assim.

A partir do momento em que um atleta já atingiu certo nível de habilidades psicofísicas e tem uma rotina prevista pelo programa de treinamento, resta ao atleta somente a possibilidade de aumentar sua resistência a esse estresse diário. Para tanto controles sofisticados de cargas de trabalho (exigências de tarefas) devem ser ajustados ao potencial do atleta. O desafio, pois, é avaliar o quanto e como é possível fazer o referido controle. Lembre-se, em muitos casos é preferível diminuir as cargas de trabalho ou mesmo oferecer descanso ao atleta.

Como resultado do processo de se exigir cada vez mais do atleta, temos um estresse exagerado que gera uma adaptação negativa da rotina diária, ou seja, o atleta consegue resistir ao estresse, mas fatalmente irá sucumbir algum dia. É como se a resistência ao estresse diário tivesse um destino certo: o esgotamento, e este fosse uma questão de tempo.

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O esgotamento psicofísico do organismo (burnout), representado como um colapso nervoso é uma síndrome psicológica de exaustão emocional com reduzida percepção de satisfação, baixo nível de motivação e desinteresse pela atividade e por mais que esforços pessoais sejam frequentes para melhorar o desempenho, geralmente são ineficazes e há uma queda significativa do mesmo.   
 
Para se identificar o burnout, algumas características no comportamento da pessoa devem ser observadas como: aumento da frequência cardíaca em repouso, distúrbios no sono e alimentação, aumento dos níveis de ansiedade, problemas de concentração, insatisfação com a atividade (esporte, trabalho etc), distanciamento emocional e social da pessoa em relação ao grupo que pertence, queda no desempenho e outras.

Burnout: prevenção

Em uma possível prevenção sugiro que líderes (treinadores esportivos, dirigentes de instituições e outros) e atletas de um modo geral orientem suas atuações da seguinte maneira:

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Fixar objetivos de desempenho progressivos e decididos entre treinadores e atleta, conjuntamente, para direcionar e sustentar a motivação;

O atleta reconhecer que está em “burnout” e aumentar a comunicação com técnicos, família e psicólogos;

Ensinar aos atletas estratégias de cuidados com a saúde;

Melhorar a comunicação (manter diálogos com alto nível de educação e respeito) entre técnico e atleta;

Tornar os treinamentos/trabalho, apesar de árduos, em momentos alegres;

Variação dos métodos de treinamento para combater a monotonia;

Forte suporte social da família, técnicos e companheiros;

Treinamento psicofisiológico (ex.: técnicas de relaxamento).

Com essas orientações podemos, de certa maneira, providenciar prevenção ao burnout. Um fenômeno que atualmente acomete trabalhadores e atletas de maneira relativamente comum, principalmente em uma faixa de pessoas que estão em ascensão profissional e precisam melhorar seu desempenho continuadamente, pois, estão frequentemente sendo avaliadas.

Para começar, reflita sobre a seguinte situação: imagine que no ano passado nessa mesma semana do ano, possivelmente você ficou nervoso, se aborreceu ou aconteceu algo parecido e isso fez mal à sua saúde. Agora, tente descobrir qual motivo foi a causa desse estado. Dificilmente você irá lembrar. Portanto, cuidado com o estresse do dia a dia e avalie o quanto vale a pena sofrer por um ou outro desempenho.