Temos o mundo inteiro como espelho: que imagem fala por mim?

por Samanta Obadia

Que corpo sou eu?

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Muito antes da discussão sobre a identidade de gênero, está a questão primordial do ‘quem eu sou’. Pergunta básica que todos nos devíamos fazer em alguns momentos de nossas vidas. O que me define? Como eu me vejo? Como eu me encontro dentro do que foi construído em mim antes que eu pudesse entender que as escolhas são minhas?

Retomando a filosofia, Sócrates insiste na busca do autoconhecimento como o caminho fundamental para a verdade, enquanto Jean Paul Sartre nos alerta para o que fazemos com o que fizeram de nós. Ou seja, no fim, as escolhas são sempre nossas e o percurso também.

O ser humano é um ser social que se constrói por imitação. Contudo, se antigamente o fazíamos em relação às pessoas próximas a nós, familiares e amigos, atualmente temos o mundo inteiro como espelho.

Tratando particularmente do corpo, se antes os nossos parâmetros eram os genéticos, hoje são os mercadológicos com altos padrões de perfeição, modelados pelos ideais impossíveis do Photoshop.

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Falamos tanto de sexualidade, do homem ou da mulher que não se percebem em seus corpos originais como se esse fosse o único incômodo humano. Não é. Mais do que não entender-se em nosso gênero, a maioria de nós não está em conexão com a forma do corpo que possui.

Em que corpo eu me encontro?

Que pele eu habito?

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Que imagem fala por mim?

A ilusão de um corpo idealizado traz o desejo para fora de mim. Então, tento me encaixar, mutilando-me dentro dele. Como lidar com isso? Como entender que o que sou deveria preceder o que desejo ser?

Encaixar-se é sempre doloroso. Encontrar-se com o que se apresenta pode não ser o que projeto, mas é um bom início para entender de onde devo começar para ser feliz.