Num triângulo amoroso a tendência é sempre a terceira pessoa sobrar?

por Anette Lewin

Depoimento de um leitor: 

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“Hoje vivo em um relacionamento a três. Estou com uma mulher casada e ela diz que não quer me perder, como também não quer perder o marido. Ela impôs essa situação de eu ficar com ela assim ou terminarmos. Resolvi viver com ela assim, sendo que de uns tempos pra cá, ela disse pro marido sobre essa situação. De imediato ele não aceitou, entretanto, conforme foi passando o tempo, ele resolveu aceitar. Ou seja, hoje ela está comigo e com ele ao mesmo tempo. Porém, ela vive na casa dela com ele e eu na minha casa. Uma vez ou outra eu vou pra casa dela passar final de semana e eu e ele nos tratamos como bons amigos. Sendo que de uns dias pra, cá ela vem dizendo que não quer mais isso e quer viver a vida dela com ele. E eu tenho lutado por ela, pois eu a amo por demais, sei que ela também. Porém, o peso do tempo que ela tem com ele, faz a diferença pois são 18 anos juntos. Eu e ela estamos apenas há 10 meses.  O que eu sinto por ela é muito forte vai além da minha própria explicação. O que devo fazer?” 

Resposta: Em relacionamentos não convencionais fica bem difícil avaliar "tendências". Esses relacionamentos são únicos, regidos por regras próprias e escapam do previsível. Assim, neles, tudo é possível e tentar enquadrá-los em estatísticas fica difícil.

Vamos falar então especificamente do seu relacionamento.

Você, ela e o marido dela formam um triângulo onde você entrou como "novidade" para ela. Ela se encantou com a novidade, mas abriu o jogo com o marido. E ele aceitou a situação. Isso fez com que ela pudesse viver com os dois sem ser forçada a escolher um ou outro. E agora, depois de um tempo, parece que ela está escolhendo, no tempo dela e sem pressão, que rumo quer dar à relação. E a escolha exclui você.

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Certamente você acabou sendo fragilizado pela atitude do marido. Talvez, se ele não tivesse a abertura para aceitar a sua presença como um terceiro elemento, as coisas poderiam ter tomado um rumo diferente. Ela estaria entre um marido convencional, machista que não entenderia e nem aceitaria a necessidade dela de viver novas experiências, e você, a "novidade" na qual ela poderia vislumbrar uma pessoa mais aberta.

Mas não foi isso que aconteceu. E ela teve a oportunidade de perceber que o marido com quem ela convive há 18 anos, gosta dela a ponto de entender e aceitar suas propostas de abrir o relacionamento. Mesmo que ele, no início, tenha sofrido com isso. Foi nessa hora que, provavelmente ele ganhou pontos.

Se você observar o histórico dessa situação, desde o início ela disse a você que não queria se separar do marido. Você também acabou aceitando a proposta dela, mesmo contra a sua vontade. Só que, por algum motivo, ela cansou da brincadeira de viver com dois homens. E provavelmente está a fim de algo mais tranquilo no momento. E o mais tranquilo é voltar para o marido.
 
Você pergunta: o que devo fazer?

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Bem, nesse momento muito pouco pode ser feito. O melhor é respeitar a decisão dela, afastar-se e só se aproximar quando ela quiser a sua companhia. Isto é, se você também quiser. E avaliar se entrar em triângulos amorosos vale a pena para você. Porque houve bons momentos, houve acordos interessantes e agora você se encontra em um momento difícil. Só você poderá concluir se gosta desse jogo e se quer entrar nele numa próxima situação.

Evite, porém, enxergar-se como um perdedor. Como foi dito, todos os envolvidos nesse triângulo tiveram bons e maus momentos. E todos ganharam experiência. Mesmo que nesse momento você tenha a sensação que ficar sem ela é insuportável, não se esqueça, que as emoções se transformam com o tempo. Tente voltar a olhar ao redor, e abrir-se novamente para o mundo dos amores. A vida continua e nada como o tempo para sentir-se novamente disposto a conquistar novos corações.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.