Entenda o estresse pós-traumático

por Joel Rennó Jr.

Ter passado por um episódio traumático, envolvendo a própria pessoa ou alguém muito próximo, sendo exposto à violência moral ou física, ou ameaças de violência, pode desencadear o denominado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

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Incluem-se aqui casos de sequestro, assalto, guerra, terrorismo, estupro, notícia de doença grave, vivências de um desastre natural, ter sofrido violência física, entre outros. O Estresse Pós-Traumático pode ter efeitos agudos, com duração dos sintomas inferior a três meses, e efeitos crônicos (se a duração dos sintomas for de três meses ou mais). Pode ainda ter início tardio, com manifestações características ocorrendo pelo menos seis meses após o fator estressor.

Quais são os sintomas?

A resposta ao acontecimento estressante envolve intenso medo, impotência ou horror (em crianças, a resposta pode envolver comportamento desorganizado ou agitado). Os sintomas característicos resultantes da exposição a um trauma extremo incluem, persistentemente, a lembrança constante do evento traumático, a esquiva a estímulos associados ao trauma, excitação aumentada, pesadelos, estados dissociativos, amnésia, mudanças de comportamento etc.

O quadro sintomático completo deve estar presente por mais de um mês e a perturbação deve causar sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes da vida do paciente.

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Os acontecimentos podem ser revividos de várias maneiras. Geralmente, a pessoa tem recordações recorrentes e intrusivas ou sonhos aflitivos que reencenam a ocorrência.

Em casos raros, a pessoa experimenta estados dissociativos. A característica essencial dos estados dissociativos é uma perturbação nas funções habitualmente integradas de consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente.

O distúrbio pode ser súbito ou gradual, transitório ou crônico. Pode haver dificuldade para recordar as memórias traumáticas e confusão em relação à própria identidade, por exemplo, que duram de alguns segundos a várias horas, ou mesmo dias. Nesse período a pessoa se comporta como se vivenciasse o fato traumático naquele instante.

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Intenso sofrimento psicológico ou reatividade fisiológica frequentemente ocorrem quando a pessoa é exposta a eventos que lembram ou simbolizam um aspecto do evento traumático.

Os estímulos associados com o trauma são persistentemente evitados. A pessoa, em geral, faz esforços deliberados no sentido de afastar pensamentos, sentimentos, conversas, atividades, situações e pessoas que provoquem recordações do evento. Essa esquiva a lembretes pode incluir amnésia para um aspecto importante do evento traumático.

Uma responsividade diminuída ao mundo externo, conhecida como ‘torpor psíquico’ ou ‘anestesia emocional’, geralmente começa logo após o evento traumático.

O paciente pode queixar-se de acentuada diminuição do interesse ou da participação em atividades anteriormente prazerosas, de se sentir deslocado ou afastado de outras pessoas, ou de ter uma capacidade acentuadamente reduzida de sentir emoções, especialmente aquelas associadas com intimidade, ternura e sexualidade.
 
Pode haver sentimento de futuro abreviado (a pessoa não espera ter uma carreira, casamento, filhos ou um tempo normal de vida), ansiedade ou maior excitação inexistentes antes do trauma. Estes sintomas podem incluir dificuldades em conciliar ou manter o sono, possivelmente devido a pesadelos recorrentes durante os quais o evento traumático é revivido, hipervigilância e resposta de sobressalto exagerada. Alguns podem relatar irritabilidade ou ataques de raiva ou dificuldades em concentrar-se ou completar tarefas.
 
Estratégias terapêuticas
 
Antidepressivos e ansiolíticos são comumente usados em quadros de ansiedade e depressão associados ao TEPT, mas a primeira linha da estratégia de tratamento para estresse pós-traumático agudo ou crônico é a psicoterapia com medicação adjunta.