Masculino e feminino, o casamento real

Por Patrícia Gebrim

Através dos relacionamentos experienciamos a beleza da união dessas duas partes de todos nós.

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Todos temos dentro de nós um lado feminino e um lado masculino. É nossa tarefa criar harmonia entre eles. Assim, antes de nos tornarmos capazes de criar uma relação harmoniosa com outro alguém, precisamos aprender a equilibrar esses aspectos dentro de nós.

Nada disso tem a ver com gêneros. Trata-se de um equilíbrio interno entre essas polaridades, que se refletirá no equilíbrio que manifestamos nos relacionamentos que constelamos com outro alguém. O masculino e o feminino precisam se casar dentro de nós. Precisam aprender a se respeitar e amar.

O masculino em nós é a parte que nos leva em direção ao mundo externo, à ação, à expressão. É o pensar, o “fazer”, que põe átomos em movimento.

O feminino é o mundo interno, o sentir, o silêncio de onde tudo brota, a capacidade de encontrar orientações, a intuição, o respeito ao tempo de tudo.

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O masculino e o feminino precisam um do outro. Não há sentido em os colocarmos em oposição. Entenda, assim como masculino e feminino, não somos adversários.

Por muitos séculos a relação entre homens e mulheres tem estado fora de equilíbrio. Observo sempre a prevalência de um, à custa do outro. Ainda não compreendemos que não se trata de dar o poder a uma ou outra polaridade, e sim uni-las dentro de nós.

A mulher, que por muito tempo foi abusada e desrespeitada, na busca lícita de recuperar um lugar de dignidade e honra na sociedade, tem copiado o modelo masculino.

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Muitas mulheres estão se tornando caricaturas distorcidas dos homens, tornando-se muitas vezes cruéis e frias, buscando o poder do masculino em si a qualquer preço, mesmo que seja à custa de abrir mão de seu próprio feminino. Abrem mão da doçura, da delicadeza, da compaixão, de seus próprios corações.

Os homens, por sua vez, que por tanto tempo carregaram a obrigação de serem os incansáveis heróis, os desbravadores e conquistadores, os provedores e trabalhadores, agora se sentem exaustos e estão abrindo mão de seu masculino, muitas vezes tornando-se frágeis e perdidos, engolidos por uma impotência que os assusta e lhes rouba o senso de valor pessoal.

Creio, que esse desequilíbrio momentâneo seja necessário e positivo. Ao menos estamos em movimento. Mas, acreditem, ainda não chegamos ao final. Ainda não encontramos o meio do caminho, a integração harmoniosa, a paz interna. Ainda não harmonizamos nossas mentes e nossos corações, ainda não nos tornamos tão poderosos quanto podemos ser. Ainda não encontramos a chave dourada que nos ensina a trocar o “ou” pelo “e”.

Chegaremos lá.

Ela era o lago. Ele chegou de mansinho. No início ficou encantado com as imagens que ondulavam na superfície. Demorou um tempo até perceber que tudo o que via eram meros reflexos de si mesmo. Corajoso que era, mergulhou. Queria mais. Queria tocar o sagrado. Somente na quietude da profundeza as almas podem de fato se encontrar. Atravessou, destemido, camadas turvas e gélidas de água, e então, quando menos esperava, chegou a um límpido e cálido silêncio e, pela primeira vez, ouviu o bater de seu próprio coração. Foi quando ela surgiu, sua própria alma, sutil, suave, pura luz. Os dois se abraçaram mansamente, e era tanta entrega e beleza que ele finalmente se sentiu pronto.

Já podia oferecer ao mundo o seu amor.