Quando era pequena tinha ‘síndrome do pânico’

Por Eduardo Ferreira Santos

Depoimento de uma leitora:   

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"Hoje tenho 21 anos. Quando eu era pequena tinha síndrome do pânico e há uns 3 meses atrás voltou de novo. Só que eu penso que vou morrer, que vou sentir saudades da minha família e do meu namorado… Mas sei que isso é coisa da minha cabeça. Eu às vezes consigo controlar e às vezes não. Não quero tomar remédio para tratar da síndrome, porque sei que é coisa da minha cabeça. Preciso muito de ajuda e conselhos."

Resposta: Muitas pessoas, inclusive crianças, podem apresentar um quadro chamado de "Transtorno de Ansiedade Generalizada" (TAG) que se caracteriza, entre outros componentes, a um estado permanente de medo e ansiedade, aparentemente sem causa externa nenhuma.

Há certo consenso entre os psiquiatras que esse quadro possa ter uma origem biológica, como uma disfunção e distribuição das chamadas catecolaminas, que são os neurotransmissores cerebrais.

Quando o estado de ansiedade atinge um pico elevado, ocorrem os chamados "Ataques de Pânico", que são caracterizados por grande angústia, pensamentos de morte (de si mesmo e de outros) e um descontrole emocional insuportável. Esses ataques duram pouco tempo, mas deixam a pessoa, que já é ansiosa, ainda mais alerta e preocupada, reiniciando o ciclo de ansiedade e angústia.

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O tratamento envolve sim a utilização de medicações, pois, embora "seja coisa da sua cabeça", é exatamente a sua cabeça que está funcionando disfuncionalmente.

É claro que um bom acompanhamento psicoterapêutico possa melhorar o quadro, mas não vejo como fazer isso sem a utilização de uma medicação de base, isto é, algo que ajude a regularizar as atividades das catecolaminas.

Muita gente tem preconceito contra remédios psiquiátricos, mas, se bem indicados, são como outro medicamento qualquer. Por exemplo, por que não tomar antibiótico frente a uma infecção? Ou um analgésico quando se tem uma dor de cabeça?

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São apenas preconceitos que devem ser reavaliados e perceber o benefício que essas medicações de nova geração possam trazer.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.