Sinto-me insegura no meu relacionamento. O que faço?

Por Anette Lewin

Resposta: Relacionamento amoroso é um jogo. Todo jogador, de certa forma, esconde suas intenções para adquirir poder sobre seu adversário. Assim, a insegurança de não saber exatamente o que acontece na cabeça e na vida do parceiro, certamente, faz parte da vida dos jogadores do amor. E deve fazer. A crença absoluta na duração eterna de um relacionamento, só por que ele começou bem, é um perigo que pode destruir a relação.

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Se, porém, estar atenta ao parceiro nunca é demais, fazer da vida do parceiro o foco de todas as atenções é fatal. E essa é uma armadilha que a insegurança vive criando. Apoiada pelo advento dos celulares e redes sociais, a bisbilhotagem da vida alheia é o esporte favorito dos inseguros. Uma armadilha que vicia, afasta o casal, causa situações constrangedoras e destrói um sem-número de relacionamentos.

Não, definitivamente estar atento não é isso. A atenção saudável é a atenção real, não a virtual. É olhar nos olhos do parceiro, rir com ele, fazer planos, criar momentos significativos e, sobretudo, usar a intuição como sinalizadora. É ela a maior aliada de quem quer saber se as coisas vão bem ou vão mal entre o casal; é ela quem deve ser ouvida como sinal de que algo está errado; é ela que deve ser levada em conta quando mudanças de atitude são necessárias para salvar um relacionamento. A intuição é um vigia muito mais qualificado do que qualquer "achado" suspeito no celular do parceiro. Mesmo porque quase nenhum celular passaria impune numa prova de "fidelidade", uma vez que o conceito de fidelidade é extremamente subjetivo.

"Estou insegura no meu relacionamento tenho medo de perdê-lo, o que faço", você pergunta.

Bem, antes de mais nada, é necessário entender qual parte dessa insegurança está ligada a suas características pessoais e qual está ligada às atitudes de seu parceiro em particular.

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Você é insegura em outras situações?

Desconfia de tudo e de todos?

Acha que as outras mulheres são sempre mais atraentes do que você?

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Bem, se a insegurança é sua e você usa o relacionamento para justificá-la, talvez uma reflexão, uma tentativa de se conter antes de armar uma briga, ou uma terapia, caso não consiga se controlar, são atitudes mais adequadas do que a célebre justificativa" eu sou assim, não consigo agir de outra forma". Consegue sim. Aliás, qualquer pessoa que queira conviver em harmonia com outra precisa, por um lado, mudar algumas atitudes e por outro fortalecer e melhorar o seu próprio eu: dedicar-se ao seu trabalho, aos seus amigos, suas atividades de lazer, sua aparência pessoal. Quem não conquista a si mesmo não está apto para conquistar o outro.

Assim, manter relacionamento amoroso em sua forma original, não caracteriza um mérito. Muito pelo contrário. Se o relacionamento não modificar, transformar, melhorar ou amadurecer os envolvidos, para que serve?

Vamos ao outro lado agora. Se sua insegurança estiver ligada ao fato de que você, por mais que se esforce, não consegue sentir que as coisas fluem entre o casal, se nada do que você tenta fazer agrada, se você não é olhada com admiração quando está distraída, se o que os outros dizem é sempre mais interessante do que o que você diz, se suas propostas são sempre vistas como bobagens… cuidado! Esse sim é um sinal de que sua luta não está surtindo efeito. Se ocorrerem frequentemente agressões verbais ou físicas, pior ainda. Não adianta lutar sozinha. Se nada do que você faz dá certo, repense se vale a pena viver numa eterna luta de conquista onde sempre você acaba morrendo na praia. E quando você diz que tem medo de perdê-lo. lembre-se que ninguém perde o que nunca conquistou.

Resumindo: quem se propõe a viver uma relação amorosa tem que aprender a lidar com a insegurança, domá-la, e usá-la para criar novas propostas; tem que evitar fazer da vida do outro o centro de sua própria vida; tem que saber se colocar no lugar do outro para criar situações que agradem a ambos; tem que saber quando é hora de falar e quando é hora de calar; e, sobretudo, tem que saber respeitar a vida pessoal do outro e não tentar controlá-la, principalmente através de telefones celulares. E entender que uma relação amorosa bem-sucedida se constrói através dos bons momentos vividos a dois. Ninguém foge da perspectiva de bons momentos, assim como ninguém é atraído pela perspectiva de um novo confronto ou uma nova cara amarrada.

Se conquista não é sinônimo de posse eterna, problema não é sinônimo de perda iminente. O que pode e deve fazer a diferença é trabalhar o relacionamento como quem tece uma delicada teia de aranha. Se uma parte já tecida desmoronar, tente, com cuidado, refazê-la. Evite procurar culpados e continue tecendo. Enquanto achar que vale a pena.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.