Motivação pode ser aprendida e aprimorada

Por Elisandra Villela Gasparetto Sé

Conforme a economia se transformou e as grandes indústrias sofreram também mudanças importantes no processo produtivo e de gestão, os cargos também tiveram que se modificar e muitos empregos cederam espaço para os trabalhos de freelances e o home office (trabalho em casa), com isso o tema motivação foi bastante estudado pelos psicólogos neurocientistas e gestores.

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Segundo o autor Charles Duhigg (2016; Tradução de Leonardo Alves), nos anos 1980, mais de 90% da força de trabalho nos Estados Unidos tinha chefes. Atualmente, mais de um terço da força de trabalho americana consiste de trabalhadores autônomos e de prestadores de serviços. Os trabalhadores que apresentavam sucesso na carreira foram os que souberam se adaptar às novas transformações da economia e apresentavam autocontrole e automotivação.

A motivação está muito relacionada ao senso de autocontrole e está associada à atividade das regiões corticoestriatais, região subcortical do cérebro, o córtex límbico uma área importante para o processamento das emoções e processos motivacionais.

Pesquisas do campo da psicologia e neurociência mostram que as pessoas mais motivadas acreditam ter o controle da situação e preferem tarefas mais desafiadoras. Portanto, a motivação é uma habilidade que pode ser aprendida e aprimorada, desde que acreditamos que podemos ter controle sobre nossas ações.

O que é senso de controle?

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O senso de controle é um eixo para uma ampla variedade de comportamentos (desempenho intelectual e estratégias de coping – enfrentamento) e para o bem-estar físico e mental que são elementos essenciais para a qualidade de vida.  Refere-se a crenças e expectativas a respeito de suas habilidades para desempenhar comportamentos que auxiliam na obtenção de resultados desejados e sobre as respostas de ambiente tanto físico como social. O conceito é utilizado como um guarda-chuva para muitos outros conceitos tais como autoeficácia, controle percebido e desamparo aprendido.

Para nos motivarmos precisamos sentir que estamos no controle, precisamos de atividades desafiadoras e ter persistência e tomar decisões. O instinto de controle é parte central do desenvolvimento do nosso cérebro. Um experimento com crianças demonstrou que elas após aprenderem a comer sozinhas, resistirão ao auxílio dos pais. A autonomia e a independência são elementos importantes para o desenvolvimento dos processos motivacionais, para o senso de autocontrole, iniciativas, tomadas de decisões e determinação de metas. E esse processo pode ser treinado, o reforço dado à pessoa que realiza uma tarefa com esforço e dedicação ativa o locus de controle interno reforçando que elas exerçam mais controles sobre si mesmas e sobre seu ambiente.

Enfim, a motivação está muito relacionada com as crenças de autoeficácia e senso de controle. Estar motivado significa estar autoconfiante e acreditar nas suas habilidades, é se comportar não só de acordo com a realidade do que podemos fazer, mas sim de acordo com a realidade do que acreditamos poder fazer. Se mudarmos a forma de acreditar, poderemos mudar nossa forma de agir.

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