De A a Z: o significado do que sentimos ao nos relacionar: medo de se separar

Verbete explicado a partir do e-mail enviado por uma leitora:

“Preciso de ajuda. Tenho vontade de me separar, mas tenho medo e não sei o que faço. E para piorar a minha filha de 15 anos quer que eu me separe do pai e agora não sei o que fazer. Tenho outros dois filhos um menino de cinco e uma menina de dois.”

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Por Anette lewin
 
É muito conflituoso mesmo interromper uma relação que, teoricamente, deveria durar “até que a morte separe”. Ainda mais quando a iniciativa tem que partir de você. Nesses momentos, parece que a balança fica sempre nos 50% e teima em não nos ajudar pendendo mais para um dos lados…

Vamos tentar colocar nessa balança alguns elementos que podem ajudá-la a tomar sua decisão.

Primeiro: quem tem que decidir separar-se ou não é você e apenas você. Sua filha de 15 anos não pode e nem deve fazer parte dessa decisão. Ela não tem maturidade ou imparcialidade para fazer uma reflexão válida. Talvez ela apenas esteja tomando seu partido por ser mulher e identificar-se com você; talvez, na cabecinha de 15 anos que ela tem, qualquer desvio ou erro do par romântico não deva ser tolerado; ou, talvez ela possa apenas ter “inveja” de você por você ter um companheiro e ela (ainda) não. Assim, para facilitar as coisas, esqueça a opinião de sua filha e pondere através de seus próprios argumentos.

Você não menciona em seu e-mail por que tem vontade de se separar, então, temos que refletir com base em suposições.

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Certamente existem alguns aspectos positivos em seu marido, caso contrário, você já teria tomado sua decisão, não é? Vamos pensar: o que você perde com a separação? Segurança? Qualidade de vida? Bons momentos? Planos a dois que deixarão de ser realizados? Tudo isso? Bem, tente entender quais são os aspectos que seguram seu casamento e se esses aspectos poderiam ou não ser resolvidos sem a presença de seu marido. Por exemplo: digamos que um dos aspectos positivos de você continuar casada seja dividir com o pai os ônus da criação dos filhos. Você poderia resolver isso através de uma guarda compartilhada, assim o peso não ficaria todo com você. Tente fazer esse questionamento sobre cada um dos aspectos positivos que encontrar em seu casamento. Ajudará bastante.

Mas, certamente, quando alguém quer se separar está mais ligado nos aspectos negativos da relação do que nos positivos. Quais são eles? Você foi traída? Seu marido tornou-se grosseiro com você? Ele não lhe dá atenção? Problemas financeiros? Tente levantar todos esses pontos e, assim como fez com os positivos, tente entender se essas questões mudariam caso você se separasse.

Depois disso você terá um quadro mais claro do que o seu casamento representa para você nesse momento da sua vida. Certamente, em algum outro momento, ele representou algo diferente, mas, lembre-se que decisões devem ser tomadas com base no que acontece na realidade e não no que deveria acontecer. Assim, tente deixar o romantismo de lado e entender sua vida, casada ou separada, como ela de fato é. Tente entender suas necessidades e a concretização delas através do casamento de uma forma realista. Caso pretenda se separar para encontrar uma pessoa melhor que seu marido, tente entender o que é conviver com alguém que já tem seus hábitos, seus projetos pessoais, seu passado emocional com cicatrizes e desilusões. Você está disposta?

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Bem, como foi dito, só você pode resolver o que é melhor. Permita-se levar o tempo que for necessário para encontrar uma resposta. E, qualquer que seja sua decisão, tente concretizá-la de forma sensata e cuidadosa. Assim como cuidamos de uma relação no seu início, devemos cuidar dela no seu final, ou na sua interrupção. Afinal, sempre pode haver um arrependimento, uma volta, e é saudável deixar as portas abertas para quem, um dia, foi o grande amor de nossas vidas.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.