De onde vem a motivação?

Por Renato Miranda

Nos variados estudos sobre motivação no esporte encontra-se um vasto campo de estudos, investigações e vivências. Em minhas aulas e palestras sobre o assunto, não deixo de abordar, em primeiro momento de reflexões, a relação entre motivação e necessidades.

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Em linhas gerais e básicas, recorro aos estudos em conjunto que fiz desde os idos anos 80 com Olavo Feijó (especialista brasileiro em psicologia esportiva), Maurício Bara Filho (colega de estudos e pesquisas em psicologia do esporte) e em estudos clássicos de Cox, Maslow e Csikszentmihalyi (especialistas americanos em psicologia da motivação e esporte).

O comportamento motivado baseia-se no desejo de satisfazer necessidades, portanto, pode-se advir que motivação é o desejo de satisfazer algum tipo de necessidade. Ou ainda compreender a motivação como um processo de mobilização de necessidades preexistentes que sejam relacionadas com os tipos de comportamento capazes de satisfazê-las.

Em resumo, ao considerar que esporte praticado em ótimo nível requer treinamentos continuados e de qualidade temos então, por extensão, que um nível oportuno de motivação é observado quando o atleta (do iniciante ao atleta profissional) estabelece uma relação entre sua necessidade (por exemplo: aumento de desempenho) e o objeto (treinamentos de qualidade) capaz de satisfazer tal necessidade.

Em suposto, costumo dizer que o que impulsiona o ser humano ao seu desenvolvimento são as necessidades. A busca da satisfação de necessidades proporciona à pessoa mobilizar tudo aquilo que a mesma tem de melhor no âmbito físico, cognitivo e emocional a fim de construir o caminho que irá facilitar seu desenvolvimento para os desempenhos almejados na busca pela conquista dos objetivos (necessidades!) pretendidos.

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Entre as mais variadas necessidades humanas destaco: fisiológicas, segurança, estabilidade, ordem, afeto, aceitação, filiação, estima, prestígio, sucesso, respeito, realização, autoexpressão e autorrealização. Portanto, como diz Feijó: “Usar corretamente as necessidades reais do atleta é motivar bem. Motivar bem é treinar bem!”
 
O processo motivacional é função dinamizadora da aprendizagem e do treinamento que exige um bom conhecimento das necessidades humanas. Esse entendimento facilita a compreensão de que a motivação é o elemento integrador do treinamento esportivo.

Na tentativa de ser o mais didático possível resumo da seguinte maneira o comportamento motivado e suas relações com as necessidades:

Necessidades e comportamento motivado do atleta

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As necessidades iniciam o comportamento: orientam o comportamento; sustentam o comportamento; cessam o comportamento.

Ao expandir a diretriz acima, pode-se deduzir em prática que o atleta a fim de satisfazer suas necessidades, por exemplo, de autoexpressão e autorrealização, fica motivado em iniciar um programa de treinamento esportivo rigoroso e reúne todas as suas forças para tal.  

O mesmo atleta se submete em seguida as mais diversas orientações dentro e fora do ambiente esportivo e direciona seu comportamento para tudo aquilo que pode oferecer melhora de desempenho.

Em seguida, a partir da programação do comportamento requisitado para o cumprimento das tarefas rigorosas do treinamento, ele se mantém em ritmo de disciplina e estilo de vida compatível para sustentar seu comportamento para a melhora de desempenho.

Em consequência de todo esse processo de comportamento motivado e outras circunstâncias ou contingências (ausência de lesões, ambiente favorável, desempenho do adversário, resultados preliminares etc) poderão conduzir o atleta ao sucesso (necessidade!) almejado e com isso há uma forte tendência de cessar o comportamento motivado, pois sua(s) necessidade(s) fora(m) satisfeita(s).

Na tentativa de manter o atleta motivado é fundamental gerar novas e desafiadoras necessidades a fim de se reiniciar essa diretriz de relação motivação/necessidades e, portanto, reconduzir o atleta à novos e estimulantes desafios.

Quando o atleta, mesmo ainda jovem, não vislumbra novas necessidades (objetivos!) decerto haverá uma tendência de o atleta desanimar, perder níveis de desempenho e em casos mais contundentes fracassar na carreira ou mesmo abandonar o esporte.

Portanto, despertar novas necessidades (desafios!) é, antes de tudo, projetar novos desempenhos, manter uma vida motivante e plena de energia!