Festas de fim de ano: como reduzir os efeitos da ressaca?

Por Tamara Mazaracki

Dor de cabeça intensa, enjoo, fadiga, falta de concentração mental são sintomas que quase todos conhecem. No entanto, ninguém sabe ao certo o que realmente causa a ressaca. Há muitas variáveis que podem contribuir para o “dia seguinte”. A bebida alcoólica causa desidratação, pois inibe a formação de vasopressina, um hormônio com ação antidiurética, por isso você acorda com a boca seca e uma sede terrível. O consumo de etanol, principalmente em bebidas doces, eleva os níveis de lactato, e a ciência mostra que a presença de lactato piora a ressaca.

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GABA e acetaldeído

Cientistas da UCLA estão pesquisando um neurotransmissor (molécula que os neurônios utilizam para falar entre si), o ácido gama-aminobutírico ou GABA. Um subtipo de receptores GABA é particularmente sensível ao etanol. O GABA tem ação inibitória, ou seja, relaxa e deixa a pessoa sensível. O álcool aumenta os níveis de acetaldeído no sangue, uma toxina originada da quebra do etanol no fígado, o que só piora os sintomas.

Inflamação

A ressaca também é causada por inflamação. Álcool leva à formação de moléculas inflamatórias pelo fígado, as citocinas, e estas são utilizadas como sinais de comunicação pelo sistema imunológico. A produção de citocinas ocorre devido à grande quantidade de álcool que o fígado precisa processar quando se bebe mais do que uma dose. Muita citocina circulando no sangue causa sintomas como náusea, azia, dor de cabeça, fadiga, e também interfere com a formação de memória, o que explica os lapsos de recordação (eu fiz isso? jura? não me lembro). Ou seja,  o processo de produção de ressaca é múltiplo, refletindo a complexidade do organismo humano.

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Vitamina C

A vitamina C é um superantioxidante que ajuda o fígado a metabolizar e neutralizar toxinas (acetaldeídos) produzidas pelo consumo exagerado de álcool, e age contra fatores inflamatórios (citocinas) que potencializam os sintomas da ressaca. Além do álcool, muitas drogas, agentes químicos, metais pesados, inseticidas e agrotóxicos têm um potencial hepatotóxico, ou seja, elas podem danificar o fígado. Isto acontece através de um processo mediado por radicais livres e conhecido como peroxidação lipídica. Este mecanismo danoso tem levado os pesquisadores à avaliação contínua do efeito hepatoprotetor de antioxidantes em humanos e animais, e a vitamina C é uma estrela neste quesito. Ela estimula a atividade de enzimas poderosas como superóxido dismutase e catalase glutationa peroxidase, neutralizando a oxidação lipídica e a inflamação hepática. Suplementar com cápsulas de vitamina C, antes e depois de beber, ajuda na proteção ao fígado. A dose eficaz varia entre 500 a 1000 mg, de acordo com as pesquisas.

Frutas ácidas: antirressaca

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Uma alimentação rica em ácido ascórbico pode fazer diferença em como seu corpo vai lidar com a sobrecarga alcoólica, e ajuda na proteção do fígado, tão requisitado na hora da faxina geral. Limão, laranja, acerola, maracujá, caju, goiaba, morango e kiwi são carregados de vitamina C. Especial destaque para o limão – seu sumo ajuda a neutralizar a acidez produzida pela ingestão excessiva de bebida alcoólica. Tome bastante água com limão durante o dia – seu fígado agradece!

Referências

*Current Drug Abuse Reviews 2018.  Proceeding of the 9th Alcohol Hangover Research Group Meeting.
*Scientific Research 2013. Hepatoprotective Effect of Vitamin C (Ascorbic Acid).