Como fica a relação amorosa na era dos apps?

Por Eduardo Yabusaki

Proponho refletir a respeito do que tem acontecido na esfera emocional e amorosa das pessoas, não como um fato isolado, mas sim como uma condição decorrente de todo um contexto que influencia e, por vezes, é determinante para a possibilidade ou não do estabelecimento de relacionamentos amorosos.

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A tecnologia, têm sido e continuará como um fator contundente nas relações interpessoais, familiares e amorosas. Não basta ficarmos lamentando ou querendo responsabilizar uma realidade que nós mesmos criamos. Cabe a cada um analisar como permitirá, ou não, o como e o quanto, tais aplicativos e tecnologias, irão fazer parte da sua vida.

Certamente, com as relações cada vez mais relâmpago, ou seja, na mesma rapidez e intensidade que tudo acontece, tal qual se desfaz. A rapidez na desilusão e troca, sequer permitem etapas importantes de envolvimento que dão sentido à construção do se conhecer e intensificação dos sentimentos que dão sentido à relação.

Relações cada vez mais líquidas

Dessa forma, as relações cada vez mais líquidas, ou seja, inconsistentes e rápidas, acabam trazendo uma sensação de frustração e incompetência que acabam por abalar a confiança e autoestima e, assim, trazem um vazio afetivo.

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Conhecer pessoas e se relacionar amorosamente é sempre uma premissa de estabelecer, em algum momento, um relacionamento mais significativo. Entretanto, o que temos observado é que a vivência de múltiplos ou sucessivos relacionamentos, acabam criando exatamente o inverso, ou seja,  uma falta de desenvolvimento afetivo e de aprofundamento emocional.

Nessas condições fica difícil a pessoa conhecer a fundo o par, fica no conhecimento superficial sem entrar em contato com todas as características virtuosas, ou não, e quando entra em contato com “defeitos” do outro, acaba por se decepcionar, com a inaceitação de tais características, rompe sem cerimônia.

Há sempre a expectativa da completude na busca pelo par ideal, entretanto, é sempre importante avaliar se isso é possível, afinal ninguém é perfeito.

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Será que alguém pode fazer o outro feliz por inteiro?

Esta é uma pergunta retórica, pois não há uma resposta. Há sim que se avaliar e refletir sobre como penso sobre relacionamento e quais são minhas expectativas sobre quem procuro. Achar que alguém será capaz de te preencher por inteiro, pode ser um equívoco ou a chance de frustrações.

É importante pensarmos que por mais maravilhosas que as pessoas sejam, elas ainda assim, podem, aos nossos olhos, ter defeitos ou falhas que sejam significativas, podendo gerar frustrações e mágoas. Num âmbito genérico, creio que ninguém seja capaz de fazer o outro feliz por inteiro, primeiro que a felicidade é relativa àquele que vive e a sente, por ser um sentimento e um conceito pessoal, abstrato e subjetivo. Segundo que sempre dentro do relacionamento, irão ter os pontos positivos e outros não. O importante é avaliar se os pontos positivos  são predominantes no todo da relação.

O que é preciso para amar e ser amado?

Para amar e ser amado é preciso que ambos se sintam preenchidos afetiva e emocionalmente. A formulação de amor, que também é pessoal, abstrata e subjetiva, é de vivência e satisfação individual, mas é lógico que para amar e ser amado é preciso que haja troca de bons sentimentos e carinho entre as partes. Estas demonstrações são únicas de cada pessoa e de cada relacionamento. Não dá para ficar comparando ou desejando manifestações que fujam à peculiaridade de cada pessoa.

Relacionamento amoroso depende de dois pontos

O que sempre destaco é que o relacionamento amoroso depende fundamentalmente de dois pontos:

1. Convivência presencial, e não por meios virtuais. O olho-no-olho continua sendo e sempre será a principal interação num relacionamento a dois;

2. Tempo. A paixão é extremamente prazerosa, mas é preciso de tempo para que os sentimentos evoluam e assim aconteça o comprometimento entre as pessoas na construção do relelacionamento baseado no amor.

Valorize, desfrute e aproveite da convivência presencial. Estar com as pessoas é o maior processo de troca afetivo-emocional que pode existir e é insubstituível. Portanto, saia do seu smartphone e corra ao encontro da sua família, dos seus amigos e abra o coração. É assim que ele vai encontrar outro que venha da mesma forma aberto a experimentar e sentir afeto.

Viva as relações, de peito aberto, ou seja, receptivo e doando o que tem de mais precioso: seus sentimentos, afeto e amor. Ser feliz é transbordar em emoções em tudo que se vive, seja feliz!