Pensamentos: grandes vilões dos distúrbios alimentares

Por Karina Simões

Nunca se viu tanta preocupação com a alimentação e a qualidade de vida como nos tempos atuais. Por um lado, isso é bastante positivo, pois temos estimulado, no geral, as pessoas a praticar atividades físicas e aprender a comer melhor de forma mais saudável. Por outro lado, tendo um olhar mais clínico e psíquico sobre o comportamento humano, percebo na prática de meu consultório um aumento no número de diagnósticos de pessoas com transtornos alimentares.

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No dia 02 de junho foi lembrado o Dia Mundial da Conscientização dos Transtornos Alimentares. Essa causa se tornou tão importante que ganhou até um dia próprio.
Nossos hábitos alimentares podem ser considerados doentios e patológicos quando começam a interferir na saúde física e mental, afetando as relações pessoais e profissionais.  

Causas

As causas desses distúrbios são multifatoriais, variando entre a predisposição genética ao esforço para se adequar à dieta até a tentativa de se parecer com padrões estéticos estabelecidos por figuras famosas, por exemplo. A cultura e o culto ao corpo perfeito bem como a grande influência hoje das redes sociais na vida das pessoas têm sido, talvez, a grande vilã em questão.

Existem muitos transtornos alimentares. Porém, os mais conhecidos pela população são a bulimia e a anorexia. Em ambas, existe uma preocupação com o corpo. Na anorexia, no entanto, a pessoa sofre uma distorção de sua autoimagem, enxergando-se sempre muito mais gorda do que verdadeiramente é. O padrão corpóreo aqui é de magreza excessiva e negação por se alimentar. Na bulimia, os pacientes também não querem engordar, mas não conseguem parar de comer. Apresentam comportamentos compulsivos como o ato de comer, seguidos de um sentimento de culpa, fazendo, muitas vezes, o uso de laxantes e diuréticos. O peso do bulímico geralmente é normal ou acima, diferentemente do peso do anoréxico.

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Mas esse campo universal dos transtornos alimentares e do comportamento compulsivo vai muito além desses dois transtornos acima mencionados. Pois, como falei no início do texto, vivemos uma era que tem ultrapassado os cuidados saudáveis. Temos visto excessivos comportamentos de pacientes, que se tornam obsessivos por buscas de dietas milagrosas, jejuns intermitentes e buscas infinitas por nutrólogos como se fossem a solução mágica para o corpo perfeito.  Fazem dietas, cortam a lactose, o glúten e o refrigerante. Mas não cortam as pessoas que fazem mal a eles e que os alimentam de pensamentos disfuncionais colocando-os para baixo e os desmotivando. De forma semelhante, eles não procuram uma ajuda psicológica corretamente. Pois sabemos, cada vez mais, que quem faz nos sentirmos bem conosco e mais leves são os nossos pensamentos. Assim, os pensamentos dessas pessoas que estão sofrendo com esses distúrbios alimentares precisam, urgentemente, de cuidados psíquicos.

Mude a forma de encarar e enxergar a vida, que você mudará a você mesmo!