Medo

Por Ricardo J.A. Leme

Medicina e medo da morte

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Ao escolher a lógica da sociedade midiática, regida pelo efêmero, “fantástico” e espetacular, a medicina e seus órgãos regulamentadores só podem correr atrás do prejuízo ao tentar a posteriori regulamentar aquilo que os meios de comunicação já ofereceram aos reflexos condicionados do consumidor. Informações e imagens de doenças amedrontam e inquietam ouvintes, telespectadores e leitores, incapazes de defesa por absoluta alienação ou conhecimento mínimo de causa. Estímulos dessa natureza, em que o medo é o veículo, geram vítimas indefesas e presas fáceis de qualquer alternativa oferecida subsequentemente, especialmente se rápida e prática.

Lembremos apenas que o rápido e prático, grosso modo, age sobre efeitos; agir sobre causas requer paciência e eventuais esforços sustentados temporalmente. Assim, é imprescindível agora universalizado o acesso à escolarização, que se universalize a educação. Sim, existem várias antessalas até a câmara dos reis. Ao que parece, educação mesmo só quando sua caçula escolarização ou domesticação, pré-requisito, tiver terminado seu mandato. Mas, sobre mandatos e términos, precisamos ainda ler e reler Saramago até compreendermos o que de fato aconteceu em seu livro “Ensaio sobre a lucidez”…