De onde vem o medo?

Por Ana Lúcia Paiga

O Medo é uma emoção natural da Criança que tem a função de alertá-la diante de um risco real, para que ela possa lutar ou fugir, preservando sua vida. É como a febre que nos avisa da infecção. Provoca varias alterações fisiológicas para nos preparar para a Ação.

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Porém, muitas vezes esse estado de alerta se instala e manifesta as mesmas reações sem a presença do perigo, transformando-se num fator limitante da vida. O vilão que persegue e incapacita muitas pessoas.

Um medo da Criança adaptada (submissa ou rebelde), que insegura, acredita que a qualquer momento será punida. Pode ser uma manifestação fóbica (medos específicos como de: elevador, avião, altura, locais abertos, escuro etc), ou se deslocar para fatos ocasionais do presente, indicando sempre a mesma raiz – a sensação de perseguição e impotência sentida na primeira infância.

Nosso Rogério (veja texto anterior) formou-se em Direito, seguindo uma tradição de família, que se orgulhava de bons juristas.

Porém, como devem se recordar, era uma criança insegura, e nunca se sentiu validado. Ao contrário, sentia-se inferior a todos, devedor, incapaz. Buscou atuar na área penal, alegando maior facilidade de compreensão. Em sua primeira visita a uma penitenciária, teve uma crise de pânico e começou a acreditar que seria preso.

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Daí para frente, desenvolveu TOC e uma paranoia ligada ao seu desempenho profissional. Em cada caso, seu medo se manifestava associado ao crime do réu.

Na verdade seu medo era de ser punido por uma culpa que não tinha, nem compreendia, originária de tantas criticas e comparações sofridas.

Enquanto esse “castigo” não ocorresse, não sentia permissão para existir.
 
Percebem a força do enredo?…

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A pessoa busca situações para repetir o cenário “até que” cumpra a mensagem, realizando sua crença: “sou uma porcaria e não devia existir”.

Enxergar esse cenário, permite “desfazer” esse ciclo automático e escolher uma nova posição existencial.

O Adulto aponta os fatos, descontaminando as fantasias da Criança adaptada e o Pai nutritivo a acolhe e valida sua existência.