Casal que mantém boa parte do tempo isolado em casa, está em crise?

por Anette Lewin

"Por exemplo, o casal fica fazendo tarefas diferentes: enquanto um passa o tempo lendo o outro passa o tempo em frente ao computador ou à televisão"

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Resposta: Certamente o fato do casal ter atividades individualizadas dentro de casa não é suficiente para se deduzir que o casamento vai mal. Pode-se até arriscar pensar que o casamento se estabilizou.

Afinal, nos casos em que o casamento é instável, em geral, quando um quer fazer suas atividades pessoais o outro tende a ficar cobrando atenção.

Crise no casamento é multifatorial

Porém, estabilidade ou instabilidade também não são os únicos termômetros para medir o sucesso de um casamento. Existem casais que brigam muito e são felizes à sua maneira. Conclusão: para se avaliar se um casamento vai bem ou vai mal, é preciso levar em conta uma série de fatores e evitar tirar conclusões precipitadas baseadas, em geral, em preconceitos idealizados do que seria um casamento feliz.

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Em qualquer tipo de relacionamento, depois de algum tempo de convívio, as pessoas envolvidas já entenderam qual é a regra do jogo e não precisam mais de tantas conversas ou explicações. No casamento não é diferente. O casal que namora presta muita atenção em seu parceiro porque não o conhece; cada nova frase, cada nova ideia é uma surpresa que estimula os envolvidos a desvendarem mais e mais a pessoa que, afinal, foi escolhida para uma parceria amorosa; cada sorriso de aprovação é registrado e comemorado; cada cara feia é um sinal vermelho que traz a sensação de risco iminente para a relação.

Tempos depois… as surpresas diminuem, as falas e atitudes são mais previsíveis; aprovação ou desaprovação ainda têm seu poder mobilizador, mas num nível muito mais tênue. Nessa fase a parceria caminha, mas o lado individual dos envolvidos volta a querer se expressar.

Assim é a lógica do amor. Talvez você que escreve esteja nessa fase de seu relacionamento.

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A crise só existirá se:

– você, seu parceiro ou ambos se sentirem desconfortáveis nessa situação;

– se as expectativas não corresponderem ao que a relação pode de fato oferecer a vocês;

– se as atividades individuais que cada um pratica significarem uma fuga do parceiro e não um momento relaxante onde cada um se envolve com seus prazeres pessoais.

Alimentar o "eu" é essencial para conseguir alimentar o "nós". Só uma pessoa que sabe viver bem na sua própria companhia é capaz de se tornar um bom parceiro amoroso. Assim o exercício da individualidade, mesmo dentro de casa, pode significar apenas uma preparação para o encontro amoroso que vem depois. Não importa quanto tempo o casal passa conversando ou namorando. O importante é a qualidade desses encontros. O importante é que o casal sinta que sua cumplicidade está aumentando sem que as palavras sejam tão necessárias; que os planos em comum temperem a vontade de estar juntos; que ainda exista a admiração pela pessoa escolhida e, sobretudo, que o respeito pelas escolhas do outro seja exercitado cotidianamente.