Pesquisa ajuda a explicar queixas de memória durante menopausa

Da Redação

Apesar de 60% das mulheres apresentarem queixas de memória na fase de transição para a menopausa, poucas pesquisas foram feitas para entender o que realmente ocorre com o cérebro das mulheres nessa fase da vida.

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Um estudo recém-publicado pelo periódico científico Neurology revela que mulheres na fase de transição para a menopausa apresentam uma menor velocidade de processamento cognitivo e menor desempenho da *memória verbal.

O estudo acompanhou mais de duas mil mulheres com idades entre 49 e 61 anos e com exames seriados ao longo de quatro anos. A boa notícia é que esses efeitos parecem ser limitados, já que as mulheres voltaram a apresentar o mesmo desempenho cognitivo que tinham no período pré-menopausa após ultrapassarem o período de transição. Além disso, as mulheres que receberam reposição hormonal antes do término da menstruação foram beneficiadas do ponto de vista cognitivo. Em contraste, a reposição hormonal iniciada após o término da menstruação promoveu piora nos testes cognitivos.

Uma forma de explicar as frequentes queixas de memória na transição da menopausa é que a redução ou flutuação dos níveis do hormônio estrogênio podem dificultar o pleno funcionamento cerebral. Já foi bem demonstrado que algumas áreas cerebrais são ricas em receptores de estrogênio, regiões que são fortemente vinculadas à memória, como é o caso do hipocampo e o córtex pré-frontal. Além disso, estudos experimentais revelam que o estrogênio é capaz de elevar os níveis de neurotransmissores e também promovem o crescimento neuronal e formação de conexão entre os neurônios.

O presente estudo sugere que a reposição de estrogênio pode ser benéfica ao desempenho cerebral na fase de transição da menopausa e que esse efeito positivo parece não ser sustentado após o período de transição. Essa é mais uma evidência de que os benefícios do uso prolongado de reposição hormonal não conseguem superar os riscos.

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*Memória verbal é a capacidade de lembrar informações que foram adquiridas através da linguagem oral ou escrita. É diferente da memória espacial, por exemplo, que é a capacidade de lembrar onde foi colocada a chave do carro

Fonte: Dr. Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp