Tenho um chefe TPM – ‘temperado para matar’. O que devo fazer?

por Roberto A. Santos

Resposta: Talvez não sirva de consolo, mas você não está sozinha no grupo de pessoas que tem que agüentar chefes incompetentes. Um dos tipos é o 'temperamental', ou o famoso TPM, isto é, temperado prá matar! Você também não está sozinha no rol das pessoas que se sentem presas a um emprego que lhe trazem apenas insatisfação e não podem trocá-lo facilmente, seja pelo mercado de emprego limitado, seja pelas dificuldades de procurar emprego, pelos obstáculos colocados pelo TPM. Acho nobre de sua parte a preocupação de não mentir quando vai a entrevistas. Isso seria muito válido, se tivesse um superior mais equilibrado com quem você pudesse se abrir, quanto a suas insatisfações, sem medo de represálias. Mas parece não ser o caso, então o que lhe sugiro é programar umas férias, para focar-se nessa busca e, enquanto isso, quando tiver que se ausentar, informar que irá responder assuntos pessoais. Se ele insistir em saber o quê; diga que são assuntos muito íntimos, que você prefere não revelar, mas que reporá todas as horas de sua ausência. Se ele tiver um pouco de bom senso, deverá parar de insistir, mas se continuar, diga que está fazendo um cursinho para se converter ao islamismo, ou está ajudando a construir um templo à incompetência gerencial, em homenagem a ele… Que tal? Mas não deixe de buscar um ambiente mais favorável a sua realização e saúde mental! Sucesso!

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O que dizer quando numa entrevista lhe perguntam por que deseja trocar de emprego?

Resposta: A primeira regra para entrevistas é: seja você mesma e fale a verdade. Por outro lado, outra regra importante é não falar mal de seu empregador atual, pois o entrevistador pode não acreditar em sua versão da história e julgar que você falará mal do potencial novo empregador. E então, como sair dessa sinuca? Falar a verdade sim, mas não necessariamente toda a verdade, nada mais do que a verdade. Afinal você não está num tribunal, nem numa CPI (ainda que nestas vale-tudo de mentiras, não é?). Omitir suas profundas motivações para mudar de emprego não é mentir. A alternativa mais politicamente correta é falar sobre a busca de novas experiências e a possibilidade de trabalhar numa empresa profissional, onde os critérios de acesso a cargos mais elevados não se prendem, necessariamente, a parentescos. Esse argumento é valido, desde que você não esteja sendo entrevistada em outra empresa familiar, certo?

Não consigo concluir os meus projetos
Trabalhei no exterior e estou com dificuldade em me readaptar

Resposta: Você apresenta dois problemas distintos em minha opinião: não conseguir acabar o que começa e não se readaptar no Brasil depois de muito tempo fora.

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O primeiro problema, em parte, tem a ver com características de personalidade. Você deve preferir novidades, inovações e detesta quando o novo vira rotina. Outra hipótese é que você, na realidade, nunca encontrou uma atividade que realmente o motiva, daí ficar sempre mudando e tentando coisas novas. Sem ter mais detalhes, sugiro que você reflita mais a fundo sobre onde estão suas vocações, o que lhe dá mais prazer de fazer. Talvez se você se dedicar a encontrar uma atividade altamente motivadora, poderá encontrar sentido no que faz do começo ao fim.

O segundo é mais complicado afirmar qualquer coisa, sem conhecer mais de sua história. No entanto, imagino que você coloca na balança, consciente ou inconscientemente, o que teria do lado de cá e o que tem onde vive hoje em dia. Enquanto essa balança estiver pendendo para o exterior, dificilmente você se curará do que chamou da 'síndrome do regresso'.