Tenho um alcoólatra na família. O que faço?

por Dr. Joel Rennó Jr.

Resposta: O alcoolismo é uma doença crônica. Portanto, precisa de acompanhamento psiquiátrico e psicológico contínuo. Há múltiplos fatores causais de ordem biológica, psicológica, social e cultural.

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Há fatores que favorecem a recaída como alto nível de estresse, determinados contextos e grupos sociais, predisposição genética, vínculos afetivos conflitantes, características de personalidade, presença de depressão e outros transtornos mentais, entre tantos fatores que podem causar recaídas. Tais "gatilhos" precisam ser detectados e evitados e até tratados por dependentes e familiares. Quanto mais cedo o início do alcoolismo, pior tende a ser a evolução clínica do quadro.

Portanto, o tratamento do indivíduo e da própria família (que pode ser co-dependente) é fundamental. Costuma ser multiprofissional com a participação de psiquiatras, psicólogos, grupos de auto-ajuda, nutricionistas e outros.

Há necessidade que a família procure um suporte externo já que vários sentimentos negativos, ao longo da evolução da doença, podem ocorrer tais como impotência, depressão, irritabilidade, agressividade, medo, insegurança e ansiedade.

O tratamento ambulatorial ou comunitário é o pretendido pelos profissionais, porém, em algumas situações onde ocorrem alterações comportamentais significativas como irritabilidade, agitação psicomotora, agressividade, impulsividade, ideação suicida, além dos surtos psicóticos, a internação psiquiátrica fechada, por um curto intervalo de tempo, pode ser fundamental e salvadora de vidas.

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As pessoas costumam avaliar a internação psiquiátrica ainda de forma negativa ou pejorativa, lembrando-se de alguns manicômios do passado. Porém, é necessário que tais conceitos sejam reformulados, pois infelizmente, pode haver situações emergenciais críticas ao longo do tratamento do alcoolismo e que podem exigir uma atuação mais enérgica.

A informação, o diálogo e a educação desde os primórdios da infância são igualmente importantes. Trabalhos também preventivos devem ser realizados pelas escolas, mídia, governo e comunidade, através de campanhas educativas. O engajamento em atividades culturais, esportivas, sociais e religiosas costumam ser reforços positivos para a auto-estima e identidade, diminuindo as chances de alcoolismo na adolescência. A sociedade deve se unir neste sentido. As propagandas sobre cervejas deveriam ter mais restrições e os impostos aumentados. A sociedade ainda é muito permissiva ao uso do álcool como se ele fosse inofensivo, o que é inverídico. A luta é de todos nós.