Alimentação equilibrada para uma memória saudável

por Elisandra Vilella G. Sé

Assim como nosso corpo precisa de combustível para funcionar de maneira eficaz a mente também necessita. Sem o combustível necessário não é possível termos um bom funcionamento do nosso intelecto e principalmente da memória. O cérebro que é o órgão importante para as funções mentais, o centro dos nossos pensamentos, comportamentos e emoções, precisa de oxigênio, glicose, vitaminas, minerais, aminoácidos entre outros nutrientes. Sem esses nutrientes durante 15 segundos já é suficiente para surgir a inconsciência.

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Portanto, uma boa alimentação com adequada ingestão de nutrientes é fundamental para o bom desempenho em atividades do dia-a-dia, sobretudo para as atividades práticas e mentais. Como estamos constantemente liberando energia, como expressão vital do organismo, sob diferentes formas, e modificando as atividades físicas e psíquicas, é preciso manter um equilíbrio energético. No consumo de alimentos existem duas condições que se estabelecem. Uma condição é a considerada para manter a vida e a outra é a condição de sobrecarga. A sobrecarga refere-se ao tipo de atividade que você realiza durante o dia. Os níveis energéticos diários são fornecidos pelos alimentos da dieta que devem seguir os valores de proteínas e calorias.

A qualidade de vida dos idosos depende de forma marcante do estado nutricional. São muitas as impossibilidades que os idosos enfrentam para consumir alimentos que permitam uma alimentação de boa qualidade nutricional.

Outro motivo freqüentemente associado a problemas nutricionais em idosos são perdas graduais na percepção sensorial que ocorrem durante o processo de envelhecimento, as quais são citadas com freqüência, como responsáveis da diminuição da ingestão de alimentos pelos idosos, de forma que também passa a ter uma dieta monótona por não conseguirem perceber adequadamente a diferença dos sabores dos alimentos.

Um estudo realizado por uma pesquisadora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP, ABREU (2003) investigou a adequação nutricional da dieta de mulheres brasileiras da terceira idade e a perda sensorial de percepção dessas mulheres com relação ao gosto doce, salgado e ácido, encontrou inadequação energética de vitamina B6, cálcio, magnésio e zinco em 94 idosas. Foi identificada média inferior a 60% das recomendações para a população em estudo. Os nutrientes: proteínas, retinol, vitamina E, tiamina, vitamina C e vitamina B12 obtiveram média de adequação superior a 100%.

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Quanto aos resultados da percepção sensorial, pode-se verificar que o grupo de idosas apresentam diminuição da percepção sensorial dos gostos doce e salgado quando concentrações desses compostos encontram-se próximas aos seus limiares de detecção, confirmando outros estudos realizados com indivíduos da terceira idade. Entretanto, não foram observadas diferenças significantes entre o grupo de idosas e de jovens adultas.


Pirâmide Alimentar sugerida pelo Departamento de Agricultura – USDA (1992). O Departamento de Agricultura – USDA (1992) apud (ABREU, 2003) sugere uma distribuição saudável dos alimentos por meio da Pirâmide Alimentar, com um cardápio variado e pouco gorduroso. A base da Pirâmide Alimentar é composta por cereais ou alimentos à base de cereais como: pães e massas devendo ser consumido de 6 a 11 porções diárias desses alimentos.

O segundo grupo é composto pelas hortaliças, com consumo sugerido de 3 a 5 porções diárias. Em relação ao grupo das frutas, deve-se consumir de 2 a 4 porções diariamente. O grupo dos laticínios e o grupo das carnes (aves, peixes, ovos, feijão e nozes) são grupos onde o consumo deve ser ingerido de 2 a 3 porções por dia. Finalmente os grupos das gorduras/óleos e os açúcares são os mais restritos, portanto, devendo ser consumidos em pequenas quantidades.

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Alguns alimentos podem contribuir para um bom funcionamento dos sistemas de memória. O cérebro obtém energia, unicamente, a partir da glicose que tira do sangue ao longo do dia. A estabilidade dos níveis de glicose sangüínea é essencial para o funcionamento adequado do cérebro. Níveis estáveis de glicose são obtidos após o consumo de proteínas de alta categoria, como o leite, queijo, peru, frango e etc., especialmente nas primeiras horas da manhã. Isso porque, entre as cinco e as nove da manhã, os níveis dos hormônios que promovem a conversão das proteínas em glicose se elevam. Assim, as proteínas ingeridas ao acordar proporcionam, ao longo do dia, os níveis de glicose sangüínea necessários para a aprendizagem e a memória.

As proteínas de alta categoria incrementam as sínteses cerebrais do neurotransmissor noradrenalina e do aspartato, que são mediadores fundamentais para a atenção e concentração. Embora a glicose seja necessária para dar energia ao corpo, é importante ressaltar que os pães, os biscoitos e outros hidratos de carbono ou açúcares podem causar sonolência, desorientação, diminuição da concentração e da memória se consumido de forma exagerada. Segundo cientista da Universidade de Nova Iorque, a memória pode ser melhorada com exercícios e perda de peso, os quais ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue, principalmente quando se trata de diabéticos ou de pessoas com alto nível de açúcar no sangue.

Glicose, memória e concentração

Pesquisa realizada na faculdade de medicina da Universidade de Nova Iorque, a qual relacionou níveis de glicose e desempenhos de memória em 30 homens e mulheres, com idades entre 53 e 89 anos, não portadoras de diabetes demonstrou que alguns tinham níveis mais altos de glicose do que o normal. Foi testada a capacidade dos pacientes processarem glicose depois de uma noite de jejum, além disso, efetuaram exames nos cérebros dessas pessoas para medir o tamanho do hipocampo (região do cérebro responsável pelo processamento da memória) e fizeram testes de memória e de conhecimento. Os resultados revelaram que o grupo de pessoas com altos níveis de glicose mostrou um hipocampo menor e teve resultados piores nos testes de memória recente.

Estudo: declínio de funções cognitivas pode ser prevenido ou revertido com boa nutrição vitamínica

Não poderíamos existir sem as vitaminas B. Para além de facilitarem a memória, esses nutrientes alimentam e regulam o cérebro e o sistema nervoso. São essenciais para ajudar a formar os neurotransmissores, que são os compostos químicos encontrados nos neurônios. Pesquisadores do U.S. Department of Agriculture Human Nutrition Research Center of Aging, nos E.U.A., afirmam ser possível que parte do declínio das funções cognitivas associado à idade, pode ser prevenido ou reversível com uma boa nutrição vitamínica, com especial incidência na vitamina B-12, vitamina B-6 e ácido fólico.

É de muita importância a adequada dieta alimentar para a boa qualidade de vida, sobretudo para manter a mente ativa e com mais disposição física. Em geral muitas dietas não correspondem às necessidades nutricionais. Hábitos culturais influenciam na escolha do cardápio do dia-a-dia de milhões de pessoas. Assim, alimentos com muita fritura e açúcares, como as batatas fritas e refrigerantes oferecem níveis de gorduras além do que o corpo precisa causando obesidade. O mesmo mal ocorre ao contrário, quando uma pessoa ingere menos alimentos do que o necessário. A falta de vitaminas e minerais presentes nas frutas causa uma nutrição pobre. Evite ingerir alimentos enlatados, os quais contêm aditivos. O adoçante deve ser usado com moderação.

Os hábitos prejudiciais à saúde como o álcool e o fumo também afetam o desempenho de memória. Quanto à ingestão de líquidos, é fundamental a diminuição de refrigerantes. Mas é importante estar atento para produtos químicos nas águas de consumo, de preferência beber águas engarrafadas ou purificadas, através de filtros que retêm os metais pesados, o cloro e outros químicos tóxicos.

Outro fator que contribui para o envelhecimento das células são os radicais livres. É possível prevenir-se dos radicais livres que deterioram a capacidade de auto-reparo das células, ingerindo alimentos que contém antioxidantes. Os antioxidantes clássicos são as vitaminas C, E e beta-caroteno. Alguns minerais como o zinco e o selênio, estão também envolvidos na proteção antioxidante. São encontrados nos frutos frescos, saladas, vegetais e legumes verdes, portanto, é essencial que se consuma em todas as refeições e todos os dias.

O alcance da longevidade com boa qualidade de vida e bem-estar depende de forma marcante do estado nutricional.