Consumo de fibras ajuda na prevenção de doença diverticular

por Jocelem Salgado

A diverticulose é uma doença típica de países desenvolvidos ou industrializados, onde as dietas com baixo conteúdo de fibras vegetais são mais comuns. A doença é menos comum em países da Ásia ou África, onde os hábitos alimentares são mais baseados em alimentos naturais e ricos em fibras.

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As fibras estão na composição de frutas, vegetais e grãos, e não podem ser digeridas pelo trato gastrintestinal. Algumas fibras se dissolvem facilmente na água (fibras solúveis), assumindo uma textura gelatinosa no intestino, ao passo que outras passam praticamente inalteradas pela digestão (fibras insolúveis). Ambos os tipos de fibras ajudam a formar um bolo fecal mais macio e fácil de ser eliminado, além de ajudar a evitar a constipação intestinal (intestino preso).

Cada tipo de fibra tem um papel diferente na digestão. As fibras insolúveis (pão integral, cereais, arroz integral, aveia, farelo de trigo) aumentam o volume e a umidade das fezes. Elas previnem e aliviam a constipação ao reter água no intestino. O maior volume reduz a pressão no intestino que, consequentemente ajuda a prevenir a diverticulite. Já as fibras solúveis (feijão, lentilha, ervilha, aveia, laranja, maçã) têm pequeno efeito na evacuação, mas atuam na prevenção da reabsorção do colesterol encontrado na bile, que é usualmente reabsorvido pelo corpo. Essas fibras também atuam estimulando a atividade e/ou o crescimento de bactérias benéficas, como as bifidobacterium e os lactobacillus, e inibem o crescimento de bactérias patogênicas no intestino.

Causas da diverticulose e diverticulite

Por outro lado o consumo de alimentos pobres em fibras vegetais leva a constipação intestinal, que aumenta a pressão dentro do intestino grosso, levando à formação de pequenas dilatações ou bolsas (chamadas divertículos). A diverticulose caracteriza-se pela presença desses divertículos que se projetam para fora da parede intestinal. A inflamação dessas “bolsas” é chamada de diverticulite e ocorre com frequência semelhante em homens e mulheres, aumentando sua incidência conforme mais avançada é a idade do indivíduo. Essa inflamação ocorre em cerca de 10-20% dos indivíduos que apresentam diverticulose e pode ocasionar fortes dores na parte inferior esquerda do abdômen, acompanhada de febre e, geralmente, constipação.

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Quando a inflamação apresenta-se demasiadamente avançada, podem ocorrer também náuseas, vômitos e diarreia com muco, pus ou sangue. Nesses casos o primeiro passo é considerar a possibilidade de diverticulose a partir dos sintomas – o que nem sempre é uma etapa fácil, uma vez que muitas manifestações da diverticulose são exatamente as mesmas de inúmeros outros distúrbios do trato gastrintestinal. Surgida a hipótese, deve-se consultar o médico que poderá solicitar alguns exames, para verificar a presença e a extensão da diverticulose.

A diverticulose e a diverticulite são doenças bastante comuns em pessoas idosas, afetando até metade das pessoas com idade entre com 60-80 anos. A diverticulite é menos frequente em pessoas com menos de 40 anos do que nas que têm mais de 40.

No entanto, pode ser grave em pessoas de qualquer idade. Pesquisas mostram que homens abaixo dos 50 anos com uma diverticulite necessitam de ser operados com uma frequência três vezes maior do que as mulheres. Quando a idade ultrapassa os 70 anos, então são as mulheres que necessitam de cirurgia três vezes mais em relação aos homens.

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Pessoas que têm grandes quantidades de fibra na dieta são menos prováveis de desenvolver a doença diverticular. O ideal recomendado é o consumo regular de 25 a 30g de fibras ao dia, ingestão de aproximadamente 2 litros de água para aumentar o “bolo fecal” e com isso reduzir a pressão dentro do intestino.

Um terço das pessoas com mais de 50 anos e 2/3 daquelas com mais de 80 anos tem divertículos no cólon, porém a grande maioria é assintomática. Esses pacientes assintomáticos devem levar vida saudável através do controle da obesidade, prática de atividades físicas regulares, ingesta de água e líquidos e, sobretudo de fibras. É importante ressaltar que as fibras não são capazes de curar a diverticulose existente, mas pode impedir que outros divertículos venham a se formar.

Dieta para consumo ideal de fibras

Pode parecer fácil consumir a dose certa de fibras por dia, mas não é. Um total de apenas 10g por dia, por exemplo, equivale a uma concha de feijão cozido (cerca de 4g), um pãozinho francês (cerca de 3g), um pires de acelga cozida (2g) e uma fatia média de abacaxi (1,1g).

A dificuldade desse consumo está nas práticas e hábitos alimentares que mudaram muito nas últimas décadas. Vários autores sugerem cardápios que somariam uma quantidade de fibras adequada. Cito abaixo um deles, o do “Dicionário de Medicina Natural”, da edição Reader´s Digest, que sugere uma dieta de 28g diárias:

1 tigela de granola ou de flocos de cereais integrais (3,5g);
1 torrada integral (2,5g);
1 sanduíche de pão integral (5g);
1 fruta ou um punhado de frutas secas ou passas (2g);
1 porção de massa de trigo integral, de lentilha, feijões ou ervilhas (7g);
2 porções de legumes (4g);
1 porção de salada de frutas frescas (4g).

Total = 28 gramas de fibras.O ideal, no entanto, é que você mesmo faça as suas combinações, montando um cardápio a seu gosto.

Para finalizar é importante enfatizar que cada um de nós se conscientize que em qualquer tipo de doença o ideal, é a prevenção. É possível evitar ou reduzir riscos de diverticulite com algumas medidas práticas. Aumente o consumo de alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes, aveia e farelo de aveia; controle a obesidade e o estresse; e faça exercícios físicos pelo menos três vezes por semana.