Você cultiva a empatia no dia a dia?

por Aurea Afonso Caetano

Empatia é a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias e ainda: faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa.

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Por que será que ter empatia é importante para a vida em sociedade? E ao mesmo tempo, o é que faz com que essa capacidade esteja tão em baixa em nossos dias?

Quando entro em contato com outro ser humano, qualquer que seja a forma desse contato, é importante que eu possa imaginar a mente do outro, ou melhor, que eu possa criar em minha mente um modelo mental do que seria a mente da outra pessoa. Essa criação funciona como espécie de atalho na comunicação com o outro.

Percorrer todas as vias do processamento consciente pensando no ser humano à minha frente, tentando compreender quem é ele, como funciona, como pensa, se é ou não uma ameaça, leva muito tempo. E, muitas vezes, esse período de tempo é fundamental para garantir ou não minha sobrevivência. O tempo gasto nessa avaliação vai ser diferencial em minha vida. Essa capacidade é descrita de várias formas e pensava-se que era uma espécie de capacidade superior do homem. Até que…

Na última década do século passado, durante o intervalo de uma experiência com macacos em um laboratório italiano, na cidade de Parma, os pesquisadores fizeram, sem querer, uma descoberta transformadora. Ao observar o cientista comendo um sorvete, o córtex pré-motor dos macacos mostrava uma ativação como se ele próprio estivesse comendo o sorvete. É como se, de alguma forma, ao observar o movimento do cientista, ele entrasse na cabeça do macaco e sua ação fosse lá de alguma forma representada.

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Esse sistema foi chamado de "neurônios-espelho", porque eles espelhavam a atitude ou comportamento do sujeito com quem estava em relação.

Esse "sistema de neurônios-espelho" tem sido muito estudado desde então e está na raiz do que chamamos de capacidade de empatia. O que os estudos têm mostrado, é que os "neurônios-espelho" podem estar relacionados à capacidade que tem o cérebro de fazer uma espécie de simulação interna de uma ação. E mais, que ao poder fazer essa simulação, o cérebro pode também antecipar possíveis respostas e assim buscar respostas mais adequadas. É como se fosse possível pensar o outro dentro de mim mesmo, e assim, compreender suas atitudes e avaliar melhor como reagir a elas.

O choro de alguém me comove, na medida em que posso me colocar no lugar dessa pessoa e compreender ou imaginar o que é que ela está sentindo. No português dizemos – estar na pele do outro, em inglês – estar nos sapatos do outro; o que de toda forma fala da capacidade de através do sistema que partilha percepção e ação, ter uma relação mais adequada com o outro.

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Daí a ligação do sistema de "neurônios-espelho" com a capacidade de empatia.

Sobre a falta de empatia, tão comum em nossa sociedade, falaremos em um próximo momento.