Talentos em ação: percebê-los é o caminho para definir vocação

por Dulce Magalhães

Tenho a tarefa de escrever um livro sobre vocação e pensei em utilizar este espaço e compartilhar com você leitor, as ideias que pretendo colocar no livro, fruto de mais de 20 anos de experiência em pesquisa, educação, consultoria e orientação de carreira.

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Entretanto, a maior contribuição vem de minha própria experimentação, com erros e acertos, que me fizeram compreender o que significa uma vida vocacionada e o impacto que isso pode representar nas nossas relações com o mundo que nos rodeia.

O tema vocação é, ou deveria ser, o tema central de nossa vida. Afinal, a vocação é a matriz de nossa experiência. Todos temos vocações e estamos aqui para realizá-las. O desafio maior é que viemos sem manual de instruções e isso nos pode confundir muito durante a jornada da existência.

Se não temos um manual que nos oriente, então nos cabe escrevê-lo, definir nossos próprios parâmetros, estabelecer nossas metas, reconhecer talentos, aplicar capacidades e desenvolver potenciais. Talvez a ausência de um manual seja também uma sorte grande, pois ganhamos a liberdade de definir o que quisermos.

Esse cenário amplo e aberto deveria ser uma vantagem, porém, para a maioria de nós, é uma vertigem. Dá medo só de pensar em escolhas tão vastas, pois assim ficamos ainda mais responsáveis pelo nosso próprio sucesso ou fracasso.

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Há sempre a saída de justificarmos nossa jornada através das orientações e ideias que herdamos ou que nos impuseram. O problema é que mesmo nesses casos continuamos sendo responsáveis. É bom deixar claro logo de início, somos totalmente responsáveis por tudo que diz respeito à nossa vida.

Contudo, espero ao longo das semanas, com o desenvolvimento do tema vocação, você possa perceber o quão vantajoso é se sentir integralmente responsável e o quão libertador pode ser o fato de que todas as decisões nos pertencem.

Despertar e viver nossa vocação é a tarefa primaz, a fonte que pode orientar todas as demais ações e definir a integridade das consequências que vamos experimentar. A maioria das pessoas costuma separar vida pessoal, familiar e profissional, contudo veremos o quanto essa separação é ilusória e pode nos confundir na importância central que a vocação tem em nossa vida.

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Antigas tradições, em diferentes lugares do planeta, usavam a palavra poder com o mesmo significado de remédio. É interessante pensar que diferentes povos, com diferentes linguagens, em lugares distantes entre si como o Alasca, a Austrália, o Peru e a Sibéria tivessem a mesma percepção sobre o poder.

Um xamã, um pajé, um homem ou uma mulher de cura usavam seu poder como um remédio. Para todos esses povos cada ser nasce como uma medicina, vem trazer uma qualidade especial para o mundo e revelar essa qualidade é que pode fazer o poder pessoal florescer.

Nosso poder, portanto, não seria fruto de uma condição hierárquica, um status social, uma posição econômica ou influência política. Nosso poder só poderia ser realmente alcançado ao descobrirmos nossa competência essencial, aquilo para o qual nascemos, nossa vocação.

A palavra vocação vem do latim vocare e quer dizer chamado. Descobrir uma vocação é atender a um chamado primordial, fazer despertar talentos insuspeitos, adormecidos pelo condicionamento social que nos diz o que devemos fazer, independente de quem realmente somos.

Talentos em ação: atentar-se a eles a todo o momento é o caminho para definir vocação

Talento é algo difícil de ser definido, porém pode ser percebido pela facilidade com que fazemos algo muito bem e surpreendemos com resultados acima da média. Se ao invés de produzirmos pensando no que vamos ganhar, produzíssemos pelo desfrute puro e simples, nosso talento seria sempre revelado em cada ação. E um talento é sempre recompensado com mais recursos, mais possibilidades e mais oportunidades. A isto se dá o nome de prosperidade.

E o que é melhor, pessoas vocacionadas além de mais produtivas, com talentos em ação, estão também mais satisfeitas, são mais tolerantes e abertas e evitam mais os conflitos. Como diz um relatório da Organização Mundial de Saúde sobre qualidade de vida : "Pessoas felizes não são perigosas". Assim, uma pessoa vivendo suas vocações seria mesmo uma medicina para o mundo. Quer algo mais poderoso do que isso? Continuaremos o assunto no próximo artigo. Por enquanto, vai refletindo sobre isto.