Fiz corpo mole para ser demitido e não consigo retornar ao mercado. O que fazer?

por Roberto Santos

"Há seis meses enfrento dificuldades para voltar ao mercado de trabalho. Fui demitido por motivo de *desídia. Estava há 2 anos e 4 meses na empresa. Estava desmotivado e conversei com os gerentes para me desligarem da empresa, pois pretendia ir para outro Estado. Eles disseram que não podiam demitir funcionário sem motivo. Comecei então a fazer corpo mole no serviço e chegar atrasado; assim fui demitido por este motivo e desde então participei de muitas entrevistas e processos seletivos. Não sou acadêmico, mas esta experiência ruim que estou passando, está perdurando e não sei mais onde buscar respostas. Preciso trabalhar, pois sou independente e atualmente estou trabalhando somente como freelancer sem registro em carteira, motivo também que irá me prejudicar no futuro."

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Resposta: Como se sabe e você pôde comprovar de uma forma dura, muitas vezes somos vítimas das consequências de nossas próprias escolhas e comportamentos. Para conseguir aquele famoso "levantamento do Fundo", podemos acabar ficando sem remuneração por um tempo em que tentamos conseguir emprego sem sucesso, talvez por usarmos de sinceridade revelando o motivo do desligamento da outra empresa ou por que levantam-se referências e descobrem esse detalhe do passado. Forçar uma empresa a tomar uma decisão que nós queremos e devemos assumir pode funcionar para alguns gerentes, mas pode ter um efeito desastroso como aconteceu com você.

Desesperar jamais!

Porém, antes de se desesperar e assumir que sua dificuldade de encontrar nova oportunidade no mercado é provocada pela demissão do emprego anterior, é importante:

(1) Repassar seu currículo e dentro dele, checar como estão descritas suas habilidades e realizações no período em que esteve motivado;

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(2) Avaliar o quão compatível é seu currículo com os cargos e empresas que você está almejando – às vezes, por ansiedade, procuramos quaisquer empregos, resultando no fracasso que vai minando a autoconfiança para as novas investidas;

(3) Rever como tem sido sua atuação nas entrevistas que tem feito – estudou antes sobre a oportunidade, pesquisando informações sobre a empresa, de maneira a mostrar interessado e poder fazer perguntas?

Apresenta-se de forma segura e confiante, ou fica o tempo inteiro abalado pela pergunta crítica que terá que responder sobre o motivo da demissão no último emprego?

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Quando perguntado sobre este tema, como tem respondido – seguro e sincero, com esquiva e insegurança?

Se você progredir adequadamente nos dois primeiros itens, convencendo o entrevistador de que pode agregar valor para a vaga em aberto, provavelmente você conseguirá reduzir a importância do fato da demissão.

Porém, se e quando a pergunta sobre a causa da demissão for feita, sugiro que você dê melhores subsídios sobre as causas de sua desmotivação e o que tentou antes de pedir para ser dispensado. Agora, sobre a decisão de fazer corpo mole para forçar o pedido de demissão, se não conseguir evitar chegar a este ponto, melhor ser sincero, dizer de seu arrependimento (se for real) e esperar a compreensão do seu interlocutor, mas isso vai depender de todos outros diálogos durante a entrevista. Boa sorte!

* A desídia é o tipo de falta grave que, na maioria das vezes, consiste na repetição de pequenas faltas leves, que se vão acumulando até culminar na dispensa do empregado. Isto não quer dizer que uma só falta não possa configurar desídia.