Raiva e ritmo acelerado de vida alimentam ego negativo

por Emilce Shrividya Starling

A Filosofia do Yoga nos ensina que viemos ao planeta Terra para desenvolver paciência. Devemos cultivá-la diariamente. Pedir a Deus para termos paciência conosco, com os outros, com os acontecimentos. Dessa virtude, surge a bondade, a compaixão, a sabedoria e o amor incondicional.

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Como diz o poema épico indiano Mahabharata:

"Autoesforço destrói o sofrimento; o perdão dissolve a raiva; a boa conduta esgota as qualidades indesejáveis.

O dharma (missão de vida), a retidão, sempre vence; nunca a iniquidade. A verdade é sempre vitoriosa; a mentira sempre fracassa no final. A paciência, a tolerância sempre vencem, não a raiva. Aquele que é paciente torna-se estabelecido no Absoluto, em Deus."

Quem perdoa é paciente

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Interessante refletir que a mesma palavra em sânscrito para paciência, kshama, também significa "perdão". Devemos ter paciência para perdoar. Se conseguirmos perdoar, significa que somos pacientes.

Para se tornar paciente, é necessário se libertar da raiva. Tornar-se liberto da raiva pode parecer muito trabalhoso, mas é uma grande tarefa, repleta de alegria. Você aprende a conhecer a si mesmo. Você passa a entender suas limitações, como sua inabilidade em dominar sua raiva.

Uma das maneiras de dissolver a raiva é ser movido pelo amor de Deus. É compreender o poder de compaixão de Deus e sentir gratidão por tudo.

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Não devemos dormir com raiva

Da mesma maneira que a raiva surge, simplesmente precisamos deixá-la ir. Não devemos cultivá-la, remoendo os acontecimentos, nem o que os outros falaram ou fizeram. Não devemos dormir com raiva. Essa é uma tarefa de libertação interior, pois a raiva é um grande inimigo que destrói nossa saúde, alegria e serenidade.

Como disse Buda: "Ruminar a raiva é como pegar uma brasa para atirá-la em alguém, é você que se queima".

Para conseguirmos interromper a raiva quando alguém está falando conosco, precisamos ouvir com paciência e compaixão. Em vez de ficarmos julgando tudo o que escutamos, em vez de nos encolerizarmos, precisamos cultivar a arte de ouvir com compreensão.

No inicio é difícil , porque não estamos acostumados a ouvir com boa vontade, sem julgar ou ficar na defensiva. Entretanto, se conseguirmos dar mais atenção às pessoas, mesmo aquelas que nos aborrecem, começamos a compreendê-las e a ter mais tolerância.

Se tivermos o hábito de criticar e julgar os outros, seria bom nos livramos desse hábito porque traz muitos conflitos e desarmonia. Podemos até dar um bom conselho, mas sem querer mudar ou controlar o que os outros fazem.

É fácil gostar de pessoas e situações agradáveis. Nosso teste é quando enfrentamos acontecimentos desagradáveis ou precisamos conviver com pessoas irritadiças, nervosas e agressivas. Elas são afetadas pela raiva, pelo ego. Ficam sob a influência das emoções negativas e nem percebem isso. E podem nos agredir e ofender.

Em vez de nos irritarmos, ou entramos na vibração negativa, é importante o autoesforço de não revidar com palavras ásperas. Se não conseguirmos falar de maneira positiva, é melhor ficarmos calados. E depois, quando o outro estiver mais calmo, podemos fazê-lo entender nosso ponto de vista.

Paciência e compaixão ajudam a superar sentimento de raiva

As palavras podem ferir quando são agressivas e ríspidas. Fofocas e criticas podem nos descontrolar e reagimos com emoções e palavras negativas. Mas a violência gera violência. Para vencermos a raiva, precisamos da paciência e compaixão.

Muitas vezes conseguimos nos controlar, mas de uma hora para outra, perdemos a calma. Por isso, precisamos ter consciência de nós mesmos para manter nossas emoções controladas e conservar nosso equilíbrio . Desse modo, em vez de entrar na vibração negativa dos outros, começamos a falar com mais gentileza, sem agressão em nossa voz.

Às vezes, acontecimentos do dia a dia, palavras e atitudes das pessoas parecem "apertar os botões da raiva" dentro de nós. Mas, em vez de deixar a raiva nos dominar, devemos descobrir se precisamos perdoar ou desenvolver mais tolerância.

Precisamos descobrir os "gatilhos" que colocam nosso ego na defensiva ou trazem à tona sentimentos antigos ou nossas rígidas crenças. Depois de investigar as causas da raiva, é importante dissolvê-la e não ficar com raiva acumulada.

A raiva pode se tornar um hábito por causa dessas lembranças, emoções reprimidas ou experiências. Esse hábito é alimentado pelo ego negativo, pelo ritmo acelerado do mundo e pela falta de comunicação harmoniosa entre as pessoas.

Raiva pode surgir na infância

A raiva pode ter surgido desde a infância, se fomos educados por pais que reclamavam muito ou entravam em conflitos por pequenas coisas. Talvez, não nos ouvissem, e agora, pensamos que ninguém vai nos ouvir se não erguermos a voz.

Mesmo que, em geral, sejamos pessoas calmas, se não soubermos as causas da nossa raiva, podemos perder nossos sentimentos pacíficos quando somos criticados ou ofendidos. Enquanto estivermos nos debatendo sob o domínio do ego, dos apegos e ressentimentos, não experimentaremos a paz que tanto queremos ver no mundo. A paz começa em nossa mente pacífica, sem raiva.

Em vez de se descontrolar, lembre-se de respirar mais lentamente, beba um copo de água. Se possível, saia do ambiente da discussão para não ter acessos de raiva ou ficar cego por ela. Não é engolir sapo, mas agir com sabedoria. Depois, com mais calma, fale o que deseja, sem descontrole ou agressividade.

Falar mais baixo que o normal acalma o outro

Pergunte a si mesmo qual o melhor caminho para resolver o problema e não se deixe envolver pelo ego do outro. Em vez de falar alto ou argumentar gritando, tenha o controle de falar ainda mais baixo que o normal, e veja como isso acalma você e o outro.

Não lute contra a raiva, se culpando quando ela surgir. Quando você se culpa, você alimenta o ego negativo, que produz mais raiva. Quando estiver mais tranquilo, procure descobrir por que se deixou dominar pela raiva, quais os fatores a provocaram.

Ao tomar mais consciência disso tudo, você reconhecerá que as pequenas coisas responsáveis pela sua raiva já não tem tanto poder sobre você. Ao observar seu ego e não cair nas armadilhas dele, você diminui seus apegos e passa a ver o mundo com mais compreensão. Em vez de reagir com raiva, você passa a encarar os desafios com mais criatividade, sabedoria, buscando soluções em vez de ficar reclamando.

Lembre-se que não são os outros que lhe provocam raiva. Ela está escondida dentro de sua mente, disfarçada na irritação, intolerância, impaciência. Ela é fruto dos desejos insatisfeitos.

Não permita que a raiva o domine e destrua sua paz e alegria. Perdoe a si mesmo e aos outros. Tenha bons pensamentos sobre você, sobre as pessoas, sobre a vida.

Faça seus deveres diários com agradecimento, paciência e boa vontade. Cultive sua paz individual para ajudar o mundo a ser mais pacífico. Namaste! Deus em mim saúda e agradece Deus em você! Fique em paz!