Meia-idade é a fase mais longa da vida e de grandes conflitos; saiba superá-los

por Marisa Micheloti

A meia-idade é a mais longa do ciclo de vida humano, que corresponde muitas vezes a um período de vinte ou mais anos, (40 aos 65 anos).

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É uma fase muito específica da vida e, para os homens e mulheres, é um momento que muitas vezes encontram-se em grandes conflitos interiores. Como é a maior fase da vida, várias mudanças vão acontecendo nesse período, tanto de ordem psicológica como física.

Nesse momento, o corpo vai dando sinais de envelhecimento e algumas marcas ficam mais definidas no rosto e os seus familiares solicitam uma demanda também específica. O psiquiatra H. Michael Zal, chama a essa fase humana de "geração sanduíche", referindo-se a uma posição onde as pessoas encontram-se "ensanduichadas" pelas necessidades e problemas, muitas vezes antagônicos, quer dos filhos em crescimento à procura de independência, quer de seus pais ou sogros, que à medida que se tornam mais idosos, vão tornando-se mais dependentes e necessitados. Há em cena a atuação da adolescência, da meia-idade e da velhice, com comunicações diferentes e muitas vezes com conflitos entre elas.

Em relação à vida profissional é um período que já se conquistou uma série de coisas, muitos têm uma estabilidade profissional, sem negar que atualmente as exigências profissionais são constantes e infinitas o que leva as pessoas a continuarem com uma série de tarefas. Esse é um momento que expõe claramente que esses conflitos são vivenciados com diferenças pelos gêneros opostos. Os homens estão mais tranquilos profissionalmente e as mulheres em busca de algumas conquistas que reservaram para essa fase da vida, como o seu mestrado, seus cursos de especialização, etc.

Os homens parecem desejar momentos de maior intimidade com a companheira, devido ao tempo que perderam em função do grande espaço que ela priorizou para a educação dos filhos e sua profissão. Já as mulheres, depois de tantos anos destinados a cuidar dos outros, começam a querer cuidar de si em um direcionamento de busca de sua independência perdida, pois percebem que não precisam mais colocar as necessidades dos outros em primeiro plano.

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Essa fase faz com que muitas pessoas passem a se questionar sobre o sentido da vida, referindo-se que trabalharam a maior parte dela. Embora tenham uma posição econômica mais cômoda, não se sentem satisfeitas com esse momento que chegaram, por sentirem-se incapazes de lidar com o mundo externo. Pensaram em ser livres e muitas pessoas estão cuidando da geração dos seus pais que estão extremamente dependentes.

Além de todas essas demandas que e a vida lhes exige, há uma crise existencial própria onde aparecem o estresse, a menopausa e muitas das depressões, que necessitam de maiores acompanhamentos médicos e psicológicos.

As relações com a sexualidade têm semelhanças nos gêneros diferentes. As mulheres não se sentem mais tão atraentes e vão se sentindo velhas demais para a sexualidade; os homens também se sentem envelhecidos e com necessidade de confirmação externa. A busca de outros companheiros aparece como a tentativa de um encontro com a vitalidade perdida. Momento de muito afastamento e divórcio para os casais que não conseguem questionar juntos esse momento.

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A situação pode parecer desanimadora mas não é não. Essa é a fase da vida que todas as pessoas vivem, ninguém está sozinho no dilema da meia-idade, algumas um pouco diferente, com características mais específicas, mas de maneira muito semelhante.

Os sentimentos são muitas vezes desagradáveis, principalmente com a saída dos filhos de casa, mas as pessoas podem criar contato com o companheiro, amigos, grupos da mesma faixa etária para um compartilhamento que alivia muito suas angústias.

Hoje em dia, uma muitos psicoterapeutas têm destinado seus atendimentos a essa faixa etária e têm conquistado bons resultados quando direcionam seus pacientes na busca de momentos criativos para o dilema da meia-idade.

Com a longevidade expandida, percebemos que homens e mulheres encontram muitos caminhos para percorrer essa fase do ciclo de vida e podem sentir-se com muita vitalidade para realizar uma série de atividades que, quando jovens não se sentiam maduros para realizar. Toda fase do ciclo de vida tem seu brilho e seu lado ofuscado. Não devemos priorizar ou negar nenhum deles se quisermos atingir uma harmonia.

Marisa Micheloti é psicóloga