Dar crédito à imaginação alivia sensação de impotência

por Patricia Gebrim

Às vezes as palavras se escondem de mim. Hoje mesmo, não sei onde foram parar.

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Já procurei sob o sofá, sobre a mesa enfeitada pelas lindas rosas que acabei ganhar, já olhei dentro da geladeira e até o forno abri, quem sabe encontrava umas palavrinhas gratinadas para aquecer este artigo?

Nada!

Só esse branco tomando conta da minha mente, como uma montanha branquinha de neve, ou as areias de uma praia deserta, não tocada por pés que maculassem sua beleza virginal.

Pensei então que talvez pudesse simplesmente escrever sobre isso, sobre aqueles momentos em que uma espécie de inercia se apodera de nós. Sobre aqueles momentos em que nos sentimos como se fôssemos estátuas, nos sentimos impotentes para desempenhar alguma tarefa ou decidir algo. Momentos nos quais não fazemos a menor ideia de como continuar. São tantos os desafios da vida que, vez ou outra, desejamos voltar a ser criança e escapar de tantas exigências e obrigações.

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Ora. Escrever artigos no computador é coisa de gente grande e hoje a criança em mim resolveu se rebelar. Não quer escrever artigos. Quer brincar com as letrinhas da sopa na borda do prato, com o prazer de comer as palavras depois de terminar uma ou outra frase que faça sentido. (Será que os fabricantes de sopas de letrinhas sabem o quão difícil é encontrar certas letras?).

Aliás, essa ideia sempre foi altamente excitante para mim … A ideia de que, se eu comesse as letras, ou as páginas dos livros, acabaria sabendo tudo o que diziam. Eu chegava a pensar em formas de triturar o papel e fazer uma espécie de mingau de livros, para que a ingestão fosse mais fácil. Não… Nunca comi livros de verdade. Só na imaginação. Muitas coisas eu vivia na imaginação. Coisas boas e ruins. Sim, porque a imaginação é uma ferramenta muito poderosa. Com ela podemos nos fazer sentir leves como borboletas ou rastejar como serpentes por entre nossos dramas pessoais.

As pessoas não dão o devido valor à imaginação. Costumam dizer:

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– Isso é “só” imaginação. – mas (acompanhem meu raciocínio) … Se aquilo que imaginamos é capaz de alterar nosso humor, nosso estado de espírito… Será mesmo “só” imaginação?

Se, em um dia em que nos sentimos tristes e irritados, conseguirmos usar nossa mente para imaginar algo que nos faça rir, ou sentir esperança ao sonhar com um desejo a ser realizado, ou um frescor no peito ao lembrar-nos de um momento especial … E se percebermos que, após certos tipos de imaginação nos sentimos melhor, talvez possamos dar à imaginação um pouco mais de crédito.

Foi a imaginação que me guiou pelas linhas neste artigo. Quando imaginei as montanhas branquinhas, a praia deserta, lá em cima, no topo da montanha de letras, todo o resto foi surgindo sem esforço. A imaginação me ajuda a escrever.

Assim, talvez possamos usar a imaginação para nos levar em direção ao novo. Para nos ajudar a sair daquele pensamento viciado que nos faz voltar sempre, tediosamente, ao mesmo lugar. Imaginar é sair do mundo conhecido do pensar. É nas montanhas do imaginário que se escondem caminhos nunca antes trilhados por nós. É lá que se escondem princesas, dragões, tesouros e grutas forradas por pedras preciosas.

Algumas frases vem soltas à minha mente agora. Eu as reproduzo aqui para atiçar sua mente…

– Há o tempo de pensar e o tempo de imaginar.

– A maestria está em levar a leveza da criança ao pensamento e o comprometimento dos adultos à imaginação.

– Brincar com seus pensamentos permite que você crie com sua imaginação.

Antes de apertar a teclinha do ponto final, lanço um ultimo desafio. Medite sobre isso:

Criar com sua imaginação faz com que você abandone a ideia de que é uma vítima impotente das armadilhas da vida.

Criar com sua imaginação ajuda você a descobrir-se capaz de modificar o que quer que esteja lhe causando infelicidade.

. (ponto final)