Aceitar perda de um grande amor é que nem admitir a morte

por Luiz Alberto Py

Hoje apresento alguns conselhos para aqueles que sofreram o abandono da pessoa amada.

Continua após publicidade

Bem… vamos a eles!

É necessário aceitar a realidade

Parece fácil, mas a aceitação é que nem admitir a morte. Leva tempo e temos que passar antes por estados sucessivos e alternados de negação, revolta (ódio) e depressão até chegarmos à aceitação.

A palavra aceitar tem diversos significados, mas o sentido que nos interessa é o de admitir uma realidade, sem dela fugir, sem negá-la. Muitas pessoas quando têm uma discordância falam em não admitir. Mas admitir não significa concordar. Concordar e admitir são atitudes diferentes. Ao discordar – ou concordar – estamos estabelecendo nosso julgamento sobre um fato, uma coisa ou pessoa; ao admitir estamos apenas reconhecendo uma realidade. Parece simples, mas a tentação de negar a realidade quando ela é dolorosa se torna enorme e pode lhe levar a assumir, como acontece com muita gente, uma atitude radical de se distanciar dos fatos reais.

Continua após publicidade

Suportar a dor ajuda a superá-la

Suportar a dor em vez de tentar fugir dela nos ajuda a superá-la. Não é por acaso que o treinamento de artes marciais exige do aluno que se submeta a situações dolorosas. O atleta australiano Derek Clayton quando bateu o recorde da maratona em 1969 falou que a vitória tinha sido fruto de sua coragem para sofrer o que fosse necessário. Referiu-se a um adversário dizendo que o outro era melhor atleta, mas não tinha a mesma aptidão para aguentar a dor. Ele vomitou ao cruzar a linha de chegada e urinou sangue durante uma semana após a corrida. Poucas pessoas têm tal disposição para se tornarem heróis, mas em muitos momentos da vida temos de enfrentar dificuldades que nos trazem sofrimento e aguentar a dor necessária sem fugir ainda é a melhor forma de superar essas situações.

Finalmente, quero lembrar que aceitar significa admitir também que o amor não depende apenas do comportamento do outro, mas de algo imponderável existente dentro de cada um de nós. Por melhor que você seja, isto pode não ser suficiente para preservar o amor em seu parceiro.

Continua após publicidade

É preciso perdoar

O perdão faz bem a quem perdoa; muito mais do que a quem é perdoado. Melhora a raiva e deixa o coração mais leve.

Saber perdoar é uma arte. Como toda arte, pode ser aprendida através de esforço e dedicação ou, como acontece com alguns poucos felizardos, pode ser um dom que se recebe de nascença. Saber perdoar significa ser capaz de estabelecer a diferença entre a absolvição e o perdão. Absolver é admitir que o malfeito não fosse da responsabilidade de quem o praticou, ou que quem está sendo acusado é, de fato, inocente. Absolver é uma questão da Comunidade, da Justiça, da Sociedade como um todo, e não de cada um de nós independentemente. Perdoar é um gesto individual de aceitar que um erro cometido faz parte das fraquezas humanas e de entender aquele que errou como uma pessoa comum capaz de se enganar e ter a nossa simpatia ou, pelo menos, a nossa capacidade de relevar o mal praticado.

A importância de perdoar está no fato de que o perdão faz muito mais bem a quem perdoa do que a quem é perdoado. O perdoado pode se sentir aliviado de seus sentimentos de culpa pelo mal causado, mas quem perdoa conquista muito mais. E por vezes o perdoado nem fica sabendo que o foi… Através do perdão, você se livra do ódio e do rancor que fazem mal à saúde; sua alma se engrandece e seu espírito conquista paz e serenidade.

Muitas vezes há um grande aumento da dor da perda causado pela vaidade. O sentimento de estar sendo visto como um fracassado e a sensação de derrota geram um desnecessário acréscimo na dor que já está suficientemente intensa para poder dispensar orgulhos feridos.

Perder emprego é mais doloroso que perder um amor

Além disso, convém lembrar que muita gente passa por coisas muito piores do que perder um parceiro amoroso. A perda de um emprego acompanhada pela dificuldade de conseguir outro, uma doença grave ou a morte prematura de um filho são alguns dos muitos exemplos de sofrimentos bem mais duros e difíceis de suportar do que um parceiro que decidiu-se a nos deixar.

Dê absoluta prioridade ao bem-estar dos filhos

Nunca se esqueça de pôr seus filhos em primeiro lugar quando estiver lidando com estas questões e com estas dores. Qualquer decisão ou atitude a tomar, pense no que é melhor para eles. Principalmente após a separação, é muito importante evitar usar os filhos como arma para atacar o antigo cônjuge. Não permita que seus filhos se tornem órfãos de pais vivos.

Além disso, temos que ter em mente que, quando o casal se separa, os filhos suportam uma carga de sofrimento e de insegurança. Precisamos poupá-los de ver essa carga aumentada por nosso comportamento. Portanto, nunca perca de vista o interesse deles e procure sempre o que for melhor para eles.