Três conselhos de entrevista de emprego que você deve ignorar

por Roberto Santos

A entrevista é, sem dúvida, a prática mais antiga e persistente utilizada pelas empresas no processo de avaliar candidatos.

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Apesar de alguns costumes já terem caído em desuso – como a exigência de vestir trajes extremamente sofisticados ou enviar bilhetes de agradecimento após o encontro – a entrevista em si mostra poucos sinais de que vai desaparecer.

Não é de se admirar que exista uma avalanche de conselhos populares sobre como se comportar e o que fazer durante as entrevistas de emprego – muitos, aliás, já estão desatualizados ou não possuem nenhum fundamento.


Concentre-se mais em seu entrevistador e menos em si mesmo

Veja a seguir três das recomendações mais comuns que candidatos escutam antes de uma entrevista de trabalho e que precisam ser aposentadas, com base em insights da psicologia moderna:

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Apenas seja você mesmo

Apesar de vivermos em uma época em que a “autenticidade” é valorizada, entrevistas de emprego são situações específicas que envolvem alto risco, por isso, é aconselhável você ajustar seu comportamento ao contexto. A maioria das pessoas entende isso intuitivamente, mas nem sempre sabem qual é o limite. Por essa razão que o ato de simplesmente “ser você mesmo” pode ser um tiro no pé: seguir essa recomendação pode nos encorajar a agir não como devemos (isto é, estrategicamente), mas como nos sentimos (a agir impulsivamente). Isso significaria dar aos nossos superegos uma pausa para agirmos de maneira informal, espontânea e indiferente.Claro, os entrevistadores podem dizer que eles estão interessados em sua autenticidade – e não é sábio tentar enganá-los completamente – mas o que eles realmente querem dizer é que buscam alguém que seja verdadeiro e confiável. O desafio para os candidatos é transmitir essas características com muito tato e de modo seletivo.

O que os entrevistadores realmente querem ver durante uma entrevista é o seu brilhantismo – não algo artificial, mostrar apenas quem você é quando está no seu melhor. Inevitavelmente, isso envolve um pouco de encenação. Pense em uma entrevista de emprego como um primeiro encontro: você não vai mostrar todas as suas falhas enquanto tenta mostrar o quão honesto você é.

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Mostre as suas realizações

Muitas vezes confundimos confiança com competência, mas isso não significa que ao ser confiante você esteja se exibindo. Pode ser difícil mostrar confiança sem demonstrar arrogância. Porém, se você realmente acredita profundamente em suas habilidades e talentos, algo interessante que você pode fazer é fingir modéstia. E mesmo quando você estiver um pouco incerto sobre seus talentos, tente soar mais competente do que você realmente acredita ser.A maioria das entrevistas de emprego permite que candidatos exagerem, até porque um entrevistador é necessariamente um avaliador imperfeito do potencial de outras pessoas. Alguns exageros são esperados, por isso, mesmo se você não exagerar um pouco, o entrevistador irá assumir que você está de qualquer maneira e descontar cerca de 20% ou 30% de suas reivindicações. Ainda assim, essa é uma licença limitada para se vangloriar.

Dessa maneira, o conselho que diz que você deve exibir suas realizações não é tão equivocado, salvo uma ressalva importante: só faça declarações grandiosas se você for capaz de defendê-las mais tarde. Tome cuidado para não aparecer como uma pessoa arrogante, iludida, ou com excesso de confiança, especialmente quando você realmente sabe que tem competência.

Concentrar em si mesmo

Muitas pessoas vão para uma entrevista de emprego bem preparadas, mas acabam se saindo mal porque se concentram demais em si mesmas. É difícil apontar falhas sobre esse comportamento; a maioria das pessoas está interessada principalmente em si mesma. Como disse o escritor norte-americano Dale Carnegie (1888-1955): “Você faz mais amigos em dois meses interessando-se por outras pessoas do que em dois anos tentando fazer com que outras pessoas se interessem por você”. Claro que entrevistas de emprego tendem a colocar o entrevistado no centro das atenções, mas isso não significa que você tenha que monopolizar a conversa, ou que você possa se dar ao luxo de não prestar atenção às outras pessoas. Geralmente somos aconselhados a resumir nossas habilidades em uma carta de apresentação, mostrando como você será benéfico para empresa, mas isso é mais difícil de demonstrar em uma conversa pessoalmente.

Prestar mais atenção aos outros é sinal de possuir boas habilidades sociais, e se você se concentrar mais em seu entrevistador e menos em si mesmo, será mais capaz de monitorar seu próprio desempenho. É por meio de suas reações e gestos que você vai ter uma ideia do quanto você deve dizer e quando deve ficar em silêncio.

Fonte: Revista do RH/Hogan Brasil: www.revistadorh.com.br