Homem: sexo de qualidade da adolescência à maturidade

por Arlete Gavranic

Desde a infância os meninos são estimulados a gostar e admirar seu genital. Por uma questão anatômica os meninos tocam em seu pênis várias vezes ao dia e são estimulados a sentir esse falo como símbolo de força.

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Desde pequenos eles aprendem nomes bastante fortes, até agressivos: pau, cacete, porrete, espada, 765 (deve ser ejaculador precoce, automático), entre outros.

Ao contrário, as meninas ouvem que não podem mexer na genitália senão machuca, fica doente ou dói. E acabam tendo uma relação estranha com a vagina, pois os nomes atribuídos a ela geralmente são de animais peçonhentos, nojentos ou de muita fragilidade como: barata, aranha, perereca, pombinha, borboletinha, xoxotinha, xaninha.

Nesse tempo todo que trabalho com sexualidade, só uma única vez ouvi de uma professora que na casa dela chamava-se de “caçadora”.

A diferença de poder e de gênero começa muito cedo com relação aos nomes da genitália. A força de uma pombinha não se compara a de um cacete!

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Considero importante essa aprendizagem e intimidade com a genitália que ocorre com os meninos nos primeiros 7 anos de vida, mas é importante que outros valores sejam agregados a essa aprendizagem do papel masculino.

Além da questão da higiene, da proteção e do cuidar-se, aprendizagens que serão fundamentais por toda vida desse ‘menino’, outros aspectos tais como valores e atitudes de afeto, amizade, respeito, valores morais como não-violência também serão importantes de serem aprendidos e internalizados antes de chegarmos à adolescência.

Por outro lado, na adolescência esse genital masculino é descoberto como fonte de conflito, ao mesmo tempo em que dá prazer vem a ansiedade pela 1ª ejaculação e a pressão com relação ao crescimento do pênis.

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Isso acontece porque no crescimento corporal dos meninos primeiro crescem as extremidades (braços e mãos, pernas e pés) depois o tronco e bem depois o pênis atingirá seu tamanho final. Imaginem a aflição de muitos jovens que tem a sensação de que seu pênis não cresce (ou encolheu?), pois a mão dele cresceu!

5 x 1

E aí muitas crenças errôneas se multiplicam. É comum ouvir de adolescentes a pergunta se a masturbação – chamada por eles de 5 contra 1 – ajuda o pênis a crescer, como se fosse músculo que você vai para academia e fortalece.

Outra ideia é de que o pênis tenha que ser um falo grande. Essa característica é individual e não há nenhum comprometimento no prazer do homem e nem da mulher com relação ao tamanho de pênis.

Tamanho do pênis

O tamanho médio do pênis do homem brasileiro varia de 11 a 17cm em ereção. É importante que homens jovens ou maduros entendam que essa não é a preocupação das mulheres, pois o maior estímulo prazeroso das mulheres está ligado às carícias no corpo todo e não no tamanho do pênis.

Outra atitude típica de adolescentes é explorar e admirar ‘a força’ da ejaculação. Quando jovem essa ejaculação se apresenta num jato forte e a quantidade ejaculada gira em torno de 5ml; mas esse também é um conflito, pois eles assistem aos filmes pornográficos e ‘acreditam’ naquelas cenas fartas de ejaculação.

Ainda com relação à ejaculação, um risco enorme que deve ser evitado é a competição que muitas vezes acontece entre colegas (ou às vezes acontece por pressão da família que vem bater na porta do banheiro), o risco é se acostumar a ejacular rápido.

Importância de se conter a ejaculação

Aprender a conter a ejaculação é uma aprendizagem importante, não há razão para estimular a ejaculação para que seja rápida. Aprenda a prolongar a sensação de sentir excitação e prazer e deixe a ejaculação para depois. É bom lembrar que a ejaculação precoce é a disfunção sexual mais frequente, e muitas vezes ela é fruto de ‘uma aprendizagem’ inadequada ainda na juventude.

Tempo refratário: intervalo entre uma relação e outra

Outra questão é o tempo para iniciar uma nova relação sexual. Quando jovens essa retomada tem um tempo curto, pode parecer que foi imediato, mas com o passar do tempo isso vai mudar.

Sexo aos trinta

A excitação e a ereção podem começar a apresentar mudanças a partir dos 30 anos, quando o tempo refratário – tempo entre o gozo e o processo de excitação e ereção para nova relação sexual – começa a aumentar. Para alguns homens isso poderá levar 20 ou 30 minutos, para outros um pouco mais.

Sexo e meia-idade

Após os 45 anos essas mudanças se acentuam, mas é claro que isso também vai depender de vários fatores, evitar a vida sedentária, obesidade, estresse – clique aqui e leia.

Uma outra mudança que traz conflito aos homens e que muitos escrevem para o Vya Estelar perguntando é com relação à diminuição da quantidade de esperma e a perda da força do jato ejaculatório.

A Dra. Sylvia Faria Marzano, urologista e terapeuta sexual alerta que a partir dos 40–50 anos é importante estar atento, pois começará a acontecer com todos os homens – em níveis diferentes-, pois a quantidade do líquido prostático pode sofrer redução de até 2ml; além da diminuição natural da força do jato ejaculatório.

Ela alerta também para alguns aspectos das disfunções sexuais masculinas que podem ficar mais frequentes, como a diminuição ou perda do desejo sexual e a perda da qualidade da ereção.

Após os 40: cuidados

Sylvia lembra a importância de, a partir dos 40 anos, fazer regularmente os exames de prevenção das doenças da próstata: PSA, ultra-som da próstata e outros como densitometria óssea.

É verdade que muitos homens por terem uma maneira de ser mais otimista frente à vida com relação a si mesmos e ao que significa envelhecer, podem sentir menos essas mudanças ou se incomodarem menos com elas, entendendo que não significará uma catástrofe na sua performance sexual, mas uma mudança que pode ocorrer naturalmente e sem traumas.

Cuidados em qualquer idade

Lembrar que cuidados como manter uma boa higiene íntima, usar preservativos sempre, cuidar da saúde e de hábitos saudáveis – evitando sedentarismo e suas complicações (diabetes, hipertensão, colesterol alto, entre outros), e mantendo uma postura assertiva na vida frente a situações de estresse poderá prolongar uma boa qualidade de vida e de performance sexual, inclusive no envelhecimento.