Atividade física é associada a menor risco de infarto cerebral silencioso; indica estudo

por Ricardo Arida

Infartos cerebrais silenciosos são infartos observados por neuroimagem ou necropsia sem história de *acidente vascular cerebral.

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Os sintomas podem ser reconhecidos, esquecidos pelo paciente, ou os sintomas podem ocorrer apenas transitoriamente. Como a disponibilidade e qualidade de técnicas de neuroimagem têm melhorado, os médicos estão identificando mais pacientes sem história de **insulto isquêmico transitório ou acidente vascular cerebral em exames de neuroimagem mostrando infartos cerebrais.

A atividade física tem sido utilizada como prevenção para a saúde cardiovascular e segundo a “American Heart Association” sua prática é indicada por pelo menos 150 minutos por semana de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade de maior intensidade***. A atividade física tem sido associada a um menor risco de acidente vascular cerebral isquémico independente de outros fatores de risco de doença vascular ****.

Um recente estudo examinou a associação entre atividade física e doença cerebrovascular subclínica medida por infarto cerebral silencioso. De 1238 participantes que não apresentavam acidente vascular cerebral, 197 apresentaram infarto cerebral silencioso. Foi observado que somente níveis mais elevados de atividade física estavam inversamente associados com incidênca de infarto cerebral silencioso. Esse achado está de acordo com estudo realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores que notaram uma relação entre nívies elevados de atividade física e diminuição de infarto cerebral isquêmico.

Outros estudos da literatura científica também reforçam a hipótese que atividades mais intensas apresentam melhor impacto sobre essa ocorrência. Entretanto, é importante deixar claro que quando consideramos atividade física mais intensa, referimos a exercícios físicos aeróbios de baixa ou média intensidade que promovem melhora do sistema cardiorrespiratório. Não devemos confundir o exercício intenso como exercício exaustivo.

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Os autores salientam que é possível que a atividade de intensidade mais baixa possa também ser protetora contra o infarto cerebral silencioso, mas pode ser insuficiente para encontrar os benefícios mais evidentes promovidos por programas de exercícios físicos regulares. Ainda, é importante notar que as atividades físicas de intensidade baixa também podem induzir prováveis efeitos de proteção contra várias outras condições associadas com o envelhecimento. Esses achados podem ter potencial terapêutico, tendo em vista as múltiplas implicações do exercício físico na melhora da saúde física e mental em idosos.

* O acidente vascular cerebral ou acidente vascular encefálico, chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais (hemorragia). No infarto cerebral isquêmico, no inicio do AVC isquêmico, não há morte de tecido cerebral, mas a falta de suprimento sanguíneo provoca a rápida degeneração do tecido cerebral.

**Insulto isquêmico transitório pode ser considerado um tipo de AVC isquêmico. Corresponde a uma isquemia (entupimento) passageira que não chega a constituir uma lesão neurológica definitiva e não deixa sequela. É um episódio súbito de deficit sanguíneo em uma região do cérebro com manifestações neurológicas que se revertem em minutos ou em até 24 horas.

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*** Lloyd-Jones DM, Hong Y, Labarthe D, et al. Defining and setting national goals for cardiovascular health promotion and disease reduction: the American Heart Association’s strategic Impact Goal through 2020 and beyond. Circulation 2010;121:586-613.

**** Willey JZ, Moon YP, Paik MC, Boden-Albala B, Sacco RL, Elkind MS. Physical activity and risk of ischemic stroke in the Northern Manhattan Study. Neurology 2009;73:1774-1779