Você já imaginou seu dia a dia sem Internet?

por Erick Itakura – psicólogo componente do NPPI

Com as comemorações de 100 anos de imigração japonesa, surgiu o questionamento sobre a evolução da tecnologia nesse período, e se esse avanço mudou positivamente a sociedade. Nem toda tecnologia efetivamente auxilia o nosso dia-a-dia. Algumas, mais nos atrapalham do que efetivamente ajudam: muitos eletrodomésticos ficaram muito complicados de se operar, outros aparelhos foram modificados ao longo do tempo, criando “caras” mais amigáveis e de fácil utilização. Mas, dentre todos os recursos surgidos nesse intervalo de tempo, o mais “revolucionário” é a Internet.

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Muitas pessoas questionam os benefícios e problemas que a Internet gerou em nossa vida cotidiana, e entre as pessoas que a defendem e atacam muitos pontos interessantes aparecem para discussão. Aqui cabe a pergunta, como seria a vida atual sem a Internet?

Convido você a uma reflexão. Essa tecnologia revolucionou sua vida?

Não tenho aqui a intenção de que todos sintam vontade de jogar seus computadores pela janela, ainda que esse pensamento já possa ter ocorrido a alguém que tenha se deparado com uma pane em sua máquina, no momento em que dependeu de algo que só o computador podia fazer. Para essa pessoa, no momento em que “mais precisou” gerou-se uma grande frustração. Para outros, o computador talvez já seja o eletrodoméstico mais utilizado da casa. (Atualmente o computador saiu da categoria de eletroeletrônico e passou a integrar a categoria de eletrodoméstico, sendo mais vendido que televisores).

A grande maioria das ocupações de trabalho exige a utilização do computador e para isto existe um contraponto. A informática, Internet e afins aparecem para auxiliar no trabalho, aumentar a produtividade e fazer com que todos se sintam mais dispostos e eficientes. Muitas pessoas compram seus computadores com a expectativa de que essa maravilhosa ferramenta vai ser um auxiliar nas pesquisas escolares dos filhos, na procura de informação, na leitura diária das noticias, porém isso nem sempre acontece.

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Segundo a nossa experiência no Núcleo (NPPI), percebemos que muitas pessoas acabam perdendo o foco dessa expectativa de se lançar em um mundo novo e mais amplo, e com isso tendem a cair em uma utilização que não traz reais benefícios ou maior produtividade. Nesse momento acabam criticando muito mais a Internet do que se utilizando dos conhecimentos disponíveis na grande rede.

Em outros momentos percebemos que o computador preenche lacunas emocionais de formas não convencionais; Um exemplo é quando uma pessoa começa a sua navegação à procura de um texto acadêmico para um trabalho, e acaba passando horas em um ‘chat’. Ao término do dia, essa pessoa percebe que não localizou a informação de que precisava, mas encontrou um outro tipo de conteúdo que aparentemente preencheu de maneira satisfatória o seu dia.

Alguns, mais radicais, podem ainda dizer que a Internet trouxe a solução para problemas que antes não existiam; Também podemos pensar que a sociedade evoluiu, e outros problemas passaram a existir, independentemente do surgimento da tecnologia. *Pierre Levy, em uma entrevista disse que “quanto maior o acesso à tecnologia, a responsabilidade individual de cada usuário também cresce”. Acredito que as pessoas, ao terem acesso à Internet, passam a deter uma espécie de “poder” por meio do qual podem produzir conteúdos e consumir informação. Seja através de um jogo, participando de um ‘chat’, lendo uma noticia, ou mesmo navegando aleatoriamente em páginas de Internet.

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Essa responsabilidade também não nos deixa esquecer que existem diversos problemas implicados nas suas diversas forma de utilização: conteúdos inadequados, pedofilia e diversos crimes que acontecem em meios eletrônicos.

Depois dessa reflexão, você se sente mais à vontade com o seu computador?

*Pierre Levy: filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre a Internet e a sociedade