Como conviver com a crise econômica

por Luiz Alberto Py

Tempos difíceis pedem soluções criativas. Todos sabem que o mundo enfrenta uma grave crise econômica e financeira com repercussões que estão atingindo e ainda vão atingir a maioria das pessoas pelo mundo afora.

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Somente através de novas soluções poderemos chegar mais rapidamente à superação deste mau momento.

Para isto há uma grande demanda de criatividade, tanto da parte das autoridades, quanto da população em geral. Os políticos precisam lidar com os problemas em um nível governamental, dirigentes de empresas enfrentam dificuldades administrativas e a população tem de encarar a questão da sobrevivência individual e familiar.

Saber que é necessário encontrar soluções criativas nos permite abandonar velhos recursos que não satisfazem mais e exercitar a reflexão para buscar novas respostas. Parece pouco, mas é um bom começo. Livrar-se da expectativa de repetir comportamentos anteriores e, mais ainda, abandonar a crença de que a responsabilidade pelo nosso bem-estar depende de autoridades superiores ou de intervenções divinas nos coloca em uma trilha adequada para o encontro com nossa própria criatividade.

Você pode começar avaliando seus projetos de vida, suas prioridades e se perguntando o que realmente é fundamental para sua existência. Encontrar o sentido de sua vida, perceber qual o caminho para onde aponta seu coração, vai lhe ajudar a fazer uma seleção das diversas exigências que estão presentes em sua vida e escolher os aspectos que lhe são mais caros e fundamentais.

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Prioridades

A partir daí, trata-se de enfrentar a questão de como suas prioridades serão atendidas.

Pondere com clareza sua situação. Se você tem um emprego pergunte-se até que ponto ele está em risco e que alternativa você tem para a eventualidade de ser despedido ou de seu empregador ir à falência. Existe alguma contribuição que você possa fazer para evitar que tais riscos aconteçam? E, caso aconteça o pior, qual poderá ser a sua alternativa? Os especialistas dizem que a empregabilidade está diminuindo cada vez mais e este fenômeno tende a continuar para o futuro. Portanto, a idéia de trabalhar por conta própria começa a se impor com vigor.

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Se você já trabalha por conta própria, ou possui uma pequena empresa, possivelmente já começou a sentir por onde a crise mundial atinge seu meio de vida. É o momento de exercitar a inteligência para buscar saídas e alternativas. Chegou a hora de ter coragem para mudar o que estava dando certo (e não está mais) e mexer no time que estava ganhando. Aliás, convém frisar o equívoco da ideia contida nesta expressão popular. Trata-se de uma postura muito conservadora e pouco propícia a melhorias. Na verdade, quando um time continua ganhando é porque mudanças estão sendo feitas no sentido do aprimoramento. É um erro esperar a derrota para só então pensar sobre as alterações que precisam ser realizadas.

Chega a hora de pôr em prática o que estiver sendo pensado a respeito de suas necessidades fundamentais e de suas prioridades. A pergunta é de quanto, no mínimo, você precisa para atender o fundamental de sua existência. Vale lembrar que as melhores coisas da vida custam muito pouco e algumas são gratuitas. Quanto a isto, lembro as sábias palavras do filósofo grego Sócrates, que viveu há mais de dois mil e quinhentos anos, mas cujo pensamento permanece fascinantemente atual. Ele disse: “quanto menores são nossas necessidades mais parecidos ficamos com os deuses”.

Finalmente, assinalo a importância da solidariedade como a postura mais fundamental para a convivência entre as pessoas. Dar e receber são as atitudes que permitiram o desenvolvimento das relações humanas e da civilização. Sugiro que você mantenha sua visão atenta às possibilidades de trabalhar em conjunto com outros. Parentes e amigos nestas horas contam muito e lembre-se de que você também é parente e amigo de outras pessoas. Quero terminar com as palavras de outro grande sábio, D. Helder Camara – que este ano, em fevereiro completaria 100 anos caso estivesse vivo – dizia: “ninguém é tão rico que não precisa de ajuda, nem tão pobre que não possa ajudar a outros”.