Prós e contras dos métodos anticoncepcionais

Por Arlete Gavranic e *Alcione Moreno

Recentes pesquisas sobre iniciação sexual apontam que esta ocorre em média entre 13 e 15 anos. Muitas dessas adolescentes até conhecem os métodos anticoncepcionais disponíveis, mas estranhamente engravidam quase que com a mesma facilidade das desinformadas. A informação não é suficiente, é preciso que haja espaço na escola e na família para perceberem que a contracepção pode ser grande aliada na conquista de seus projetos de vida sem abrir mão do prazer sexual.

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Antes de iniciar o uso de métodos contraceptivos, como aconselha a ginecologista Alcione Moreno, é aconselhável que tanto a adolescente como a mulher adulta, passem por uma consulta com seu ginecologista para, após avaliação médica, escolher o método mais adequado.

Temos vários métodos contraceptivos, que podem atuar de diferentes formas:

Métodos de barreira: evitam a penetração dos espermatozoides no útero impedindo a ocorrência da gravidez – preservativo masculino (camisinha), preservativo feminino, diafragma

Métodos de ritmo: dependem da abstinência de relações sexuais durante o período fértil da mulhe – rtabelinha, método sintotérmico – também conhecido como avaliação do muco

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Métodos hormonais: impedem a ovulação – contraceptivos orais, o mais conhecido ainda é a pílula; contraceptivos injetáveis; adesivos hormonais; anel Vaginal; implantes contraceptivos; pílula de emergência (não deve ser usada rotineiramente como as outras pílulas.

DIU – provoca o impedimento da fertilização – DIU – Dispositivo Intra-Uterino com cobre; DIU – Dispositivo Intrauterino com hormônio

Espermicidas – produtos que podem no contato deter ou destruir o esperma; podem ser encontrados sob a forma de espuma, óvulo vaginal, gel ou creme

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Esterilização: impossibilita a gravidez de modo definitivo, laqueadura, vasectomia

Coito interrompido não é método contraceptivo

Além de não se desfrutarem co m ias prazer da relação, o coito interrompido não é um método que previne gravidez com segurança, pois as primeiras gotas de sêmen, que saem junto à lubrificação na excitação, já contêm espermatozóides suficientes para gerar uma gravidez, principalmente se a garota estiver no seu período mais fértil, quando ocorre a ovulação, por volta do 14º do seu ciclo menstrual

Métodos: vantagens e desvantagens

Métodos contraceptivos que são colocados no momento da relação sexual (como diafragma, preservativos feminino e masculino, espermicidas-espuma), têm riscos de falhar. Risco de gravidez entre 10 e 15% durante o primeiro ano de uso. Muitas vezes a gravidez acontece porque a mulher tem dificuldade de colocar o diafragma.

O preservativo se não for colocado corretamente (apertar a ponta para não deixá-la cheia de ar), ou por falta de lubrificação poderá ser rompido. Por isso é importante usar preservativos que tenham lubrificante, ou se você tiver alguma alergia, usar gel à base de água, como Ky gel, Preserv gel e outros.

Mitos

O problema maior está na recusa de alguns homens em usar o preservativo alegando que perdem a sensibilidade, o que é uma grande bobagem, pois os preservativos atuais são muito melhores que os de décadas atrás, tendo até os 'sensitives' que também promovem proteção contra gravidez e DSTs sem comprometimento da sensibilidade.

Pílula é o método mais eficaz

A pílula é o mais eficaz dos contraceptivos – segurança de 97% a 99,9%, desde que utilizada corretamente, tomada diariamente no mesmo horário. Mas seu uso deve ser acompanhado sempre por um ginecologista, para evitar danos à saúde, ou efeitos colaterais.

DIU

O DIU (Dispositivo Intra-Uterino) é o dispositivo mais eficaz, depois da pílula, 98% de segurança, mas alguns médicos não o recomendam para mulheres que nunca tiveram filhos, e nem para aquelas que tenham uma troca freqüente de parceiros sexuais sem o uso de preservativo ou um diafragma para proteger de infecções. Efeitos Colaterais mais incômodos no DIU de cobre são o sangramento (que tende a ser mais intenso e prolongado) e a dor (algumas mulheres reclamam cólicas mais freqüentes).

O DIU hormonal apresenta de 99,2% a 99,4% de segurança contra uma gravidez, pode alterar o período menstrual e até reduzir seu período.

Tabelinha – menos seguro

A tabelinha, apesar de ser um método natural possibilita muitas falhas. É pouco seguro (60 a 75% de segurança) principalmente para quem possui um ciclo menstrual irregular, por isso indica-se o uso conjugado com outro(s) método(s) como camisinha e espermicida. Por ser um método menos seguro, pode trazer à mulher uma ansiedade que interfira na sua resposta sexual.

Método sintotérmico

Esse método depende da atitude de observação diária de alterações tanto do muco cervical (que aumenta de quantidade no período da ovulação) quanto da temperatura corpórea basal (medindo a sua temperatura toda manhã antes de se levantar), e de outros 'sintomas' que possam indicar a liberação do óvulo. Embora seja dos métodos do ritmo, o mais confiável, ele exige uma disciplina que poucas mulheres e principalmente adolescentes conseguem ter, além de sofrer variações com os estados emocionais da mulher. A sexualidade fica amarrada a esse controle, e pode interferir no comportamento sexual espontâneo de alguns casais, pois não dá para querer acordar e se envolver numa relação matinal, sem antes fazer toda medição de muco e temperatura.

Implantes contraceptivos

Os implantes contraceptivos são cápsulas plásticas com hormônios que impedem que os ovários liberem óvulos e que os espermatozóides atravessem o muco cervical espesso, elas são inseridas sob a pele da parte interna do braço. Os efeitos colaterais mais comuns afetam até 40% das mulheres e são: sangramento menstrual irregular, ausência de menstruação, cefaléia e ganho de peso. Existem muitas opiniões divergentes, alguns implantes podem em algumas mulheres trazer alterações que as 'androgenizam'. Esse método se aprimorou nos últimos 15 anos, algumas muilheres reagem bem e outras precisam tirar devido aos efeitos colaterais.

Contraceptivos injetáveis

Existem o mensal e o trimestral, mas embora sejam extremamente eficazes, podem trazer alterações no ciclo menstrual e sangramentos. Após o uso deste método por dois anos, cerca de 70% das mulheres deixam de menstruar e menos mulheres apresentam sangramentos irregulares. As restrições são semelhantes às dos contraceptivos orais, mas nos primeiros meses pode ocorrer um aumento do volume das mamas e dor, que devem regredir após alguns meses. Também podem causar um ganho de peso discreto.

É importante lembrar que qualquer método pode trazer alguma mudança, comportamental ou corporal, e por isso deve ser avaliado clinicamente pelo seu ginecologista.

*Alcione Moreno é ginecologista, educadora e terapeuta sexual pela FMABC