Homens e mulheres tendem a reagir de modo diferente ao assédio moral

por Karina Simões

Uma crescente queixa de mulheres na minha prática clínica me fez parar e pensar em escrever sobre o assédio moral.

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A humilhação, seja no ambiente de trabalho ou em qualquer ambiente, pode provocar traumas e problemas de saúde que explico mais abaixo no texto. Essa humilhação frequente pode-se chamar de assédio moral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento das doenças ligadas às formas de gestão e organização do trabalho, que nas próximas décadas irão dar corpo a novas doenças profissionais, ou seja, doenças psicológicas.

Segundo a psicanalista francesa Marie-France Hirigoyen, o assédio moral é como um assassinato psíquico, um processo contínuo de agressões que destrói lentamente a dignidade do sujeito”. Assim, entendemos como uma forma de coação social, que pode vir a se instalar em qualquer tipo de hierarquia e é também conhecida como "terror psicológico".

Cinco critérios que caracterizam o assédio moral:

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1. Dano à dignidade e à produtividade do trabalhador;

2. Padrão repetitivo dos comportamentos degradantes;

3. O agressor apresenta intencionalidade nos seus atos;

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4. A conduta é abusiva e se manifesta através de comportamentos intimidativos;

5. Os atos são premeditados por parte do agressor.

Prejuízos físicos e psicológicos do assédio moral

Na prática clínica percebemos claramente os prejuízos físicos e psicológicos que o assédio moral pode causar tais como:

– distúrbios cardíacos e endócrinos;

– alteração no sono;

– sudorese;

– problemas gástricos;

– dor muscular;

– diabetes;

– perda de memória;

– depressão;

– ansiedade elevada;

– estresse;

– dependência química;

– tentativas de suicídio;

– alcoolismo;

– síndrome de burnout (entenda esta síndrome);

– paranoia, entre outros.

Uma pesquisa conduzida pela médica do trabalho Margarida Barreto (PUC – SP/2005) afirma que: "O impacto sobre as relações sociais e afetivas das vítimas de assédio moral – 82,5% delas apresentam problemas de memória, 67% têm baixa autoestima e 60% desenvolvem depressão. Ela entrevistou 42 mil trabalhadores do setor público, de empresas privadas e de organizações não governamentais.

Mulheres e homens tendem a reagir ao assédio moral de forma diferente

Mulheres Homens

– Expressam sua indignação com choro, tristeza, ressentimentos e mágoas;

– Sentimento de inutilidade, fracasso e baixa autoestima, tremores e palpitações são constantes;

– Insônia, depressão e diminuição da libido também são manifestações características desse trauma.

– Sentem-se revoltados, indignados, desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de vingar-se;.

– Ideias de suicídio e tendências ao alcoolismo;

– Sentem-se envergonhados diante da mulher e dos filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade, fracasso e baixa autoestima.

O importante é ficarmos alertas sobre os graves prejuízos que o assédio moral pode causar. Como nos ensina a psiquiatra e psicanalista francesa Marie France Hirigoyen: nessas agressões, morre-se lentamente deixando um pedaço de si mesmo.