Educação física ganha status de ‘matéria nobre’

por Nuno Cobra

Considerada durante muito tempo um apêndice no cotidiano escolar, a Educação Física ganha fôlego e marca importante território no currículo das escolas de ponta, na rede privada em São Paulo (SP). Isto porque o professor dessa disciplina tem um papel importante como elo entre o corpo e a cabeça dos alunos.

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Há 40 anos falo sobre a importância desse elo. Cérebro e músculo não podem ser separados. O cérebro se pronuncia através do músculo e o músculo interage com o cérebro. Quando você melhora seu consumo máximo de oxigênio, ou seja, a quantidade de sangue que passa no coração por minuto, você abastece com mais nutrientes e oxigênio todas as células de seus órgãos vitais, inclusive o cérebro, que se torna mais rápido, lúcido e afiado em relação às respostas. Então a natureza do homem é chegar ao cérebro pelo músculo e vice-versa.

Mas falar desse elo ainda é pouco. Outra fator essencial para a valorização da Educação Física nas escolas é o desenvolvimento do lado emocional dos alunos.

Este desenvolvimento emocional será a base do seu sucesso no futuro. Sendo o ser humano um verdadeiro animal emocional, o controle e desenvolvimento desta força emocional será fundamental para que ele consiga ser bem sucedido e principalmente feliz.

Corpo emocional e autoimposição

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O simples fato de a criança se envolver em algo que a entusiasme, faz com que ela passe a se exigir e a se obrigar a uma disciplina de envolvimento com o seu corpo, onde ela tem que se impor novas atitudes, tipo: ir para cama mais cedo, alimentação adequada e imposição de exercícios de ginástica, que a tornará mais hábil em relação aos outros. Quando ela impõe ações com o objetivo de melhorar sua performance e não ficar sedentária, desenvolve seu corpo emocional.

Caso contrário, na vida adulta ficará com debilidade emocional. Ou seja, sabe o que é preciso fazer para ter melhor qualidade de vida, mas não consegue implementar essas atitudes e sabe que a doença é fruto da determinação de não fazer nada. Muita gente sabe que está no caminho errado, mas não consegue mudar porque possui um fraco corpo emocional.

Quando recebo um empresário no meu escritório e passo a ele meu método de condicionamento físico, sugiro que comece caminhando por 25 minutos, isto exigirá um sólido corpo emocional para que ele se imponha esse novo hábito. Ao iniciar essa caminhada, uma série de hormônios estimulantes como adrenalina e endorfina serão derramados na corrente circulatória e quando tiver no auge da caminhada aos 25 minutos, terá que interromper. Em suma, o corpo emocional o ajuda a lutar para caminhar e a lutar para encerrar a caminhada.

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Criança não leva só a cabeça para as aulas e nem só o corpo para as quadras

É impossível separar quadra e sala de aula. Isto porque todo movimento implica numa ação direta do nosso cérebro, coordenando dezenas de músculos e sinergias musculares para que o movimento seja perfeito. Esta exigência do nosso cérebro realizada pelos movimentos complexos, vão promover não só o aumento de neurônios como também o aumento da rede de ligações interneurais, melhorando a inteligência.

Fora os efeitos no próprio corpo físico melhorando a eficiência cardiovascular, que dará a esse jovem mais sustentação física para abrigar as futuras competições da vida. Enfim, ginásticas, jogos e esportes vão assim deixá-los mais aptos nos aspectos físico, mental e emocional para atingir uma vida plena.

Aula de sociedade

A educação física é o elemento mais dinâmico que a escola possui para educar crianças e jovens, formando seu caráter e desenvolvendo sua personalidade, já que as outras matérias visam preparar os jovens para o mercado.

O jogo esportivo é uma verdadeira aula de sociedade. A criança ou jovem ali envolvido, está naquela efervescência de atitudes e comportamentos, desenvolvendo no âmago da sua alma, de maneira concreta e matemática, atitudes de respeito ao adversário, de interação e de relacionamento com seus companheiros, sempre obrigados a seguir normas e regras para que o próprio jogo possa ser desenvolvido.

Eles estão, sem perceber, sendo preparados para uma vida em harmonia na futura sociedade com seus regulamentos e leis.